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Juros: Taxas caem com redução de apostas em Copom agressivo após dado da indústria

Os juros futuros acentuaram o movimento de queda visto ontem, limpando exageros na precificação das apostas para a Selic. Na esteira do PIB ruim, a produção industrial veio bem pior do que o esperado, reforçando percepção de que a fraqueza da economia deve inibir ajustes mais pesados na taxa básica. A precificação da curva de juros aponta agora 100% de chances de alta de 1,5 ponto porcentual nas próximas três reuniões do Copom.

Com o alívio nos prêmios dos últimos dias, algumas as taxas a partir de 2025 chegaram ao fim da semana abaixo da casa de 11%. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,89% (regular e estendida), de 11,265% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 em 10,96% (regular) e 10,94% (estendida), de 11,273% ontem. Novamente com giro de quase 1 milhão de contratos, a taxa do DI para janeiro de 2023 fechou em 11,31% (regular) e 11,29% (estendida), de 11,595% ontem.

Um dia depois da decepção com o PIB do terceiro trimestre, nas mesas de renda fixa a queda de 0,6% na produção industrial em outubro ante setembro, número perto do piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (-0,7%), que tinha mediana de +0,7%, não deixou dúvidas de que, se o Copom fosse endossar as altas da Selic precificadas na curva, iria estrangular ainda mais a economia. “A ideia de um overkill do BC ganhou tração no mercado”, disse um gestor.

A indústria vem acumulando quedas na margem há cinco meses, período em que a perda chega a 3,7%. Segundo o IBGE, os resultados negativos estão disseminados entre os setores pesquisados, com as indústrias extrativas (-8,6%) e produtos alimentícios (-4,2%) em destaque no mês passado.

Dado o retrato da economia e avaliação de que a meta de inflação de 2022 já está também praticamente perdida, o mercado se ajusta ao discurso do Banco Central, dado lá atrás, no comunicado da última reunião do Copom e reiterado desde então em declarações dos dirigentes. Para o Banco Fator, na próxima semana, o Copom deve elevar a Selic para 9,25%. “De fato, não há como a inflação desacelerar a tempo de as metas serem exequíveis, avaliação que a comunicação do Copom passou a incorporar, implicitamente, recentemente”, afirma o economista-chefe José Francisco de Lima Gonçalves.

Nos cálculos da Greenbay Investimentos, a curva limpou totalmente apostas de aperto de mais de 1,5 ponto, indicando três aumentos desta magnitude nas reuniões de dezembro, fevereiro e março. Para o fim de 2022, projeta Selic entre 11% e 11,50%, de 12% e 12,50% ontem.

Para explicar o movimento da curva, que vinha abrindo muito e passou rapidamente a descontar prêmios, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, cita o exemplo do jabuti em cima da árvore. “O noticiário vinha piorando na margem e foi assim que o jabuti subiu. Ninguém o colocou lá. E agora está descendo de forma rápida”, disse. Para ele, é difícil dizer se a queda das taxas é ou não exagerada porque, mesmo com a PEC dos Precatórios andando, o cenário fiscal ainda é muito ruim, porque os efeitos “vão muito além de 2022”. “Ninguém consegue cumprir uma meta de inflação de 3% com descalabro fiscal.”

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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