O Banco Central publicou nesta terça-feira, 23, um boxe sobre consumo regional de bens e serviços na pandemia, que faz parte do Boletim Regional, que será publicado na íntegra nesta quarta-feira, 24, às 10h. Segundo o BC, o objetivo do boxe é avaliar em que grau a participação de serviços na cesta de consumo das famílias já foi normalizada, com o avanço da vacinação contra covid-19 no País.
A conclusão do BC é de que o Nordeste é a região com maior recuperação do consumo de serviços às famílias ante o patamar de fevereiro de 2020, com variação acima do nível anterior à pandemia de covid-19. “No Sul e, principalmente, no Sudeste, a normalização dos serviços às famílias pode representar impulso importante para o consumo das famílias nessas regiões no último trimestre do ano, caso a renda necessária para esse aumento do consumo de serviços não seja desviada da aquisição de bens.”
Segundo o BC, o Nordeste, junto com o Sudeste, foi a que mais sofreu os impactos iniciais na redução do consumo de bens e serviços na primeira e na segunda onda da pandemia. Em abril de 2020, a queda foi de 32% no Sudeste e 31% no Nordeste frente a fevereiro, contra 26% no Sul.
Mas o Nordeste foi a região com recuperação mais rápida, o que a autarquia atribui à maior importância relativa do auxílio emergencial na manutenção de renda das família. Mais recentemente, considerando a redução no número de beneficiários e no valor do auxílio, o BC diz que o desempenho pode ter sido influenciado pela retomada do setor de turismo, em ritmo mais intenso do que o observado nas outras regiões.
Na primeira fase de recuperação, no segundo semestre de 2020, o BC destacou que o crescimento das compras de móveis e eletrodomésticos teve maior ênfase no Nordeste. Já em 2021, a retomada na região foi bastante influenciada pela normalização do consumo de serviços às famílias e pelo crescimento das compras de automóveis, completa o órgão.
Para a avaliação feita no boxe, o BC usou os dados mais desagregados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) no Brasil e nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, ponderados pelos microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. Essa abordagem, segundo o BC, permite avaliar a evolução de bens e serviços que representavam 67% do consumo das famílias em 2018 (Sudeste, 64%; Sul, 69%; Nordeste, 70%).
“Em síntese, o impacto da pandemia de covid-19 sobre o consumo de bens e serviços foi diferenciado entre as regiões, refletindo as diferenças de renda, padrões de consumo e, possivelmente, as medidas compensatórias adotadas pelo governo, em especial o auxílio emergencial”, diz o BC.
“Na margem, os efeitos já verificados da vacinação na atenuação da crise sanitária favorecem a volta à normalidade de atividades que dependem de maior interação social, contribuindo para a manutenção da retomada do setor de serviços às famílias no Nordeste e para o aumento do consumo desses serviços nas regiões Sudeste e Sul”, completa.
Por Thaís Barcellos
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