A brasileira Wine, o maior clube de vinhos do mundo, com 281 mil assinantes, deu seu primeiro passo rumo à internacionalização: começou a atuar no México. O site wine.com.mx entrou no ar ontem, com um plano de assinaturas de 299 pesos mexicanos (o equivalente a R$ 79) por mês, com direito a duas garrafas de vinho e uma revista. No começo de 2023, a empresa deve investir também em um e-commerce no país.
“O México é um mercado muito parecido com o Brasil de cinco anos atrás”, diz Marcelo DArienzo, CEO da Wine. O país ainda tem baixo consumo per capita de vinhos – o consumo de vinhos importados é de 0,56 litro por habitante/ano, enquanto no Brasil este volume é de 0,71 litro, segundo os dados da Wine.
Durante a pandemia, ao contrário do ocorrido no Brasil, a importação de vinhos no México apresentou pequena queda, passando de US$ 278 milhões em 2019 para US$ 228 milhões em 2020, pelos dados da Ideal Consulting. Mas, de janeiro a outubro deste ano, as importações já reagiram e registram crescimento de 20% em relação a igual período do ano passado.
Outra característica do mercado mexicano é que há poucos players digitais relevantes no segmento, com o predomínio de empresas físicas que abriram uma unidade online durante a pandemia. Nos dados da inglesa IWSR, apenas 19% dos consumidores de vinho no país compram garrafas em plataformas online. No Brasil, esta porcentagem é mais significativa e chega a 30%. No México, além disso, ainda, predomina, segundo DArienzo, o consumo mais tradicional, sem a proposta de “descomplicar” a bebida. “São poucas as ofertas de garrafas de bom custo-benefício de maneira mais agressiva”, diz.
Foram estes os fatores que chamaram a atenção da Wine quando, há um ano, a empresa intensificou seu plano de internacionalização e começou a prospectar países onde investir. A operação no México se justifica pela política de compras globais da companhia. Os mesmos vinhos garimpados mundo afora para o mercado brasileiro também serão enviados para o mercado mexicano.
Distância
“Brasil e México são bem equivalentes como mercados emergentes de vinho na América Latina”, diz Rodrigo Lanari, representante no Brasil da inglesa Wine Intelligence. Mas ele pondera que, mesmo com semelhanças, há diferenças significativas de logística, e a grande distância entre os dois países pode não trazer tantos ganhos assim.
O modelo da Wine no México não se resume ao clube de vinho. A operação com e-commerce, num primeiro momento, e também lojas próprias e vendas para hotéis e restaurantes, se houver mercado, deve começar a ser replicada no México a partir do ano que vem. É previsto um grande aporte de capital, cujo montante não é revelado.
Os recursos para a expansão internacional da Wine vêm da nova estrutura da empresa, agora uma companhia aberta, e de seus resultados financeiros. A receita líquida da Wine cresceu 68,8% no terceiro trimestre, chegando aos R$ 161 milhões. A geração de caixa (Ebitda ajustado) chegou a R$ 50,7 milhões, um aumento de 138,5% em relação a igual período do ano passado.
Destacam-se nos números as 75 mil novas assinaturas nos clubes de vinho nos últimos 12 meses e a inauguração das lojas físicas – já são 16 unidades, a mais recente inaugurada nesta semana na nova megaloja da Casas Bahia. Soma-se a estes investimentos a importância do canal B2B, que ganhou força com a compra da importadora Cantu, no primeiro semestre.
Atualmente, a Wine pertence aos fundos Península e EB Capital, cada um com 41% do capital – os 18% restantes pertencem ao fundador Rogério Salume, a um investidor anjo e aos executivos da empresa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Suzana Barelli, Especial para o Estadão
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