Distribuidor de energia elétrica que atua em 11 estados, o Grupo Energisa (ENGI11) prevê encerrar 2021 com investimentos recordes de R$ 3,9 bilhões. A companhia já enxerga recuperação no consumo comercial e residencial de energia após vivenciar restrições relacionadas a pandemia no ano de 2020, afirmou Deborah Coutinho Gil Nunes, gerente de relações com investidores, em entrevista ao Mercado News.
Atenta à retomada econômica, a Energisa acredita que ainda há espaço para crescimento no consumo de energia no País, e que haverá novas oportunidades de investimentos tanto em geração quanto em transmissão de energia elétrica.
Desde 2017, a Energisa diversificou também para o segmento de transmissão de energia elétrica, que receberá R$ 800 milhões dos investimentos previstos totais até o fim de 2021. Hoje, possui 2 projetos 100% operacionais de transmissão, 2 em operação parcial e 2 previstos para entrar em operação em 2022 e 2023. No total, as 6 empresas de transmissão somam uma receita anual de R$ 283 milhões.
A seguir, leia a entrevista completa:
Mercado News – Com o aumento do consumo de energia, e diante dos efeitos da crise hídrica, qual a perspectiva da empresa para o setor?
Deborah Nunes – A crise hídrica que passamos decorre de uma sequência desfavorável de eventos climáticos, não devendo se manter por longo prazo. Após esse período espera-se um reforço dos investimentos, principalmente em geração, e maior segurança na gestão dos reservatórios. Com relação ao consumo, ainda há espaço de crescimento com a retomada da economia do país. Em consequência, haverá novas oportunidades de investimentos tanto em geração quanto em transmissão de energia elétrica.
Mercado News – Há perspectiva de aumento da distribuição de proventos aos acionistas?
Deborah Nunes – Hoje o estatuto da companhia prevê o pagamento de dividendo mínimo obrigatório de 35% sobre o lucro líquido ajustado, ou seja, acima do dividendo obrigatório mínimo de 25% sobre o lucro. A média histórica dos últimos anos é um pouco acima de 40%. Como a companhia ainda está em momento de diversificação e expansão dos seus investimentos, é provável que no curto prazo seja mantida esta faixa próxima do dividendo mínimo estatutário, e no longo prazo, à medida que os investimentos sejam materializados, a distribuição seja maior.
Mercado News – Em meio à pandemia, como a empresa tem visto o crescimento do consumo residencial simultaneamente à queda do consumo comercial?
Deborah Nunes – Em junho de 2021 fechamos o primeiro semestre com um mercado total de 18.229 GWh [gigawatt – hora], um crescimento de 3,3% em relação ao mesmo período de 2020. O segmento residencial, que representa em torno de 39% do nosso mercado, cresceu 2,9%, enquanto o comercial cresceu 0,8%. Dado o cenário de 2020, com restrições associadas à pandemia, diversas áreas da concessão seguiam com estabelecimento comerciais comprometidos, segmento que mais sofreu nesse ano. Em 2021, com a maior flexibilização destas restrições, estamos vendo recuperação em ambos os segmentos.
Mercado News – Qual o impacto da perspectiva de retomada da economia nos resultados da empresa?
Deborah Nunes – Entendemos que com a retomada da economia o nosso mercado total de consumo de energia elétrica tende a manter sua trajetória de crescimento, principalmente em regiões onde atuamos, como o centro-oeste e norte do país, em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins, com exposição econômica relevante ao agronegócio. O cenário mais positivo para a economia também abre espaço para a expansão dos investimentos não apenas em nossas distribuidoras, mas também em outros segmentos, como geração de energia distribuída e centralizada, e transmissão de energia.
Mercado News – Qual a estratégia que a empresa tem adotado na parte de custos diante deste cenário?
Deborah Nunes – Temos uma gestão eficiente de alocação do nosso capital. No cenário mais restritivo como foi em 2020, conseguimos reduzir nossos custos e despesas gerenciáveis em 11,9%, se comparado ao ano de 2019. Isso sem comprometer as nossas entregas e qualidade dos nossos serviços. Diante de uma base de gastos mais baixa em 2020, temos retomado nossas atividades operacionais, antes em menor ritmo de atuação devido às restrições da pandemia, sem tirar o foco na segurança dos nossos funcionários e qualidade dos serviços.
Mercado News – Qual a perspectiva para o setor no Brasil? Como a empresa está posicionada em um possível processo de privatização da Eletrobras?
Deborah Nunes – O setor elétrico no Brasil demandará ainda fortes investimentos em geração, transmissão e distribuição nos próximos anos. A estabilidade jurídica e regulatória, com respeito aos contratos firmados, é fundamental para a atração dos investidores. A privatização da Eletrobras irá liberar mais um importante agente para disputar essas oportunidades de investimentos. A Energisa acompanha esse processo e continuará analisando todas as oportunidades de crescimento no setor.
Mercado News – Diante do investidor interessado em investir no setor elétrico, quais os principais diferenciais da Energisa frente a seus pares na B3?
Deborah Nunes – A Energisa é uma empresa centenária com base sólida de crescimento operacional e financeiro. Como distribuidora atuamos em 11 estados do Brasil, mitigando o risco do negócio, pois estamos em regiões que crescem em números de clientes e atividades relacionadas ao agronegócio, segmento que vem se destacando nas últimas décadas no PIB nacional. Atuamos na diversificação dos negócios com o segmento de transmissão e geração de energia renovável solar, biogás, eólica, entre outros, com forte atenção ao crescimento sustentável.
Trazemos desenvolvimento social em todas as regiões onde atuamos. Estamos listados no Nível 2 de governança corporativa da bolsa de valores B3, e com ampla transparência na divulgação de informações, seja através no website de Relações com Investidores e nos sites da B3 e CVM [Comissão de Valores Mobiliários]. Pagamos historicamente, de forma sustentável, dividendos acima do mínimo legal de 25% do lucro líquido, já que nosso estatuto prevê a distribuição de pelo menos 35% do nosso lucro líquido ajustado. Desde meados de 2016 quando a companhia fez uma emissão de ações pulverizada no mercado (re-IPO), o retorno no investimento foi expressivo quando conjugado com a distribuição de dividendos.
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