A Whirlpool, maior fabricante de geladeiras e fogões do País, quer que a cozinha deixe de ser um local de exclusão. Em 2010, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia no Brasil 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual. “Imagine como elas podem cozinhar”, questiona João Carlos Brega, presidente da empresa para a América Latina.
Foi a partir desse desafio que Brega e uma equipe interna de inovação, em parceria com um instituto voltado para quem tem deficiência visual, encontraram uma solução para tornar a cozinha um local inclusivo para esse público.
O trabalho durou 40 dias, e o resultado estará disponível para venda em canais online a partir de dezembro. São adesivos em alto relevo com ícones que representam a função de cada tecla dos eletrodomésticos: fogões, cooktops, micro-ondas, geladeiras, filtros de água e lava-louças.
Colados aos equipamentos, os adesivos vão facilitar o uso para pessoas com deficiência visual. Os adesivos poderão ser utilizados em eletrodomésticos de outras marcas também.
O projeto está sob o guarda-chuva da Whirlpool Plural, que a partir deste ano reúne todas as iniciativas da companhia para as áreas ambientais, sociais e de governança, sob a sigla ESG, em inglês. Anteriormente essas iniciativas estavam espalhadas dentro da empresa. Ele esclarece que a Whirlpool Plural não é um departamento, mas um conjunto de valores que faz parte da cultura da empresa.
A palavra plural foi escolhida para remeter a ideia de diversidade e inclusão. “Diversidade e inclusão não é favor, mas um direito das pessoas e, do ponto de vista das empresas, é business”, diz Brega. Ele argumenta que se a empresa refletir no seu interior a sociedade que é sua cliente, vai prestar melhores serviços e ganhar mais dinheiro.
Sem experiência
Outra iniciativa recente nessa direção foi a criação de programa para admitir pessoas com qualquer tipo de deficiência e sem nenhuma experiência para trabalhar em áreas administrativas. Brega afirma que há empresas dispostas a contratar esses profissionais, mas não o fazem por causa de falta de experiência.
Para esse programa, a dona das marcas Brastemp e Consul já admitiu, nos últimos meses, nove pessoas com algum tipo de deficiência e sem restrição de idade. Elas serão treinadas por um ano e meio, recebendo salário compatível com a função. Depois, serão demitidas, dando lugar a outro grupo.
Essa foi uma forma encontrada pela companhia de alimentar o mercado para que a falta de experiência não seja uma barreira às contratações. A intenção é que outras empresas sigam o mesmo caminho.
Segundo Brega, não é de hoje que a empresa tem preocupação ambientais, sociais e de governança. A diferença é que essas demandas estão sendo endereçadas de forma estruturada. Globalmente, a multinacional é signatária de um pacto de redução a zero das emissões de carbono até 2030. Desde 2014, 100% das fábricas do grupo têm resíduos sólidos tratados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Márcia De Chiara
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