O IPCA-15 de setembro acima do consenso e a alta nos rendimentos dos Treasuries puxaram os juros futuros para cima o dia todo. A taxa de 1,14% veio no teto das estimativas do mercado, trazendo pressão às expectativas de inflação, já bastante deterioradas, e também deixando o quadro das apostas para a Selic na curva a termo levemente mais conservador para a reunião do Copom de outubro.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 voltou a rodar em dois dígitos, fechando em 10,05%, de 9,955% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 subiu de 10,353% para 10,45% e a do DI para janeiro de 2023, o mais negociado, de 8,919% para 8,96%. O DI para janeiro de 2022 terminou com taxa de 7,13%, de 7,109%.
Não somente o IPCA-15 veio no teto das estimativas, como foi a maior taxa para o mês desde 1994 e levou a inflação em 12 meses para 10,05%. Trouxe ainda leitura muito ruim dos preços de abertura, como bens industriais, núcleos e pressões de energia elétrica e gasolina em destaque. No comunicado do Copom na quarta-feira, entre os argumentos utilizados para justificar o aumento de 1 ponto porcentual da Selic, para 6,25%, os diretores alegaram que esse ritmo era o mais adequado para avaliar o grau de persistência dos choques de inflação.
“O problema do IPCA-15 mais forte é que o comunicado do Copom já tinha contratado mais 1 ponto e as surpresas negativas com a inflação tendem a gerar mais pressão nas expectativas”, disse o analista de Investimentos Renan Sujii, lembrando que na semana passada o presidente do BC, Roberto Campos Neto, havia dito que a autoridade monetária não iria mudar o plano de voo a cada dado de inflação de alta frequência. “A ata do Copom será importante para ver o detalhamento dos argumentos do BC”, disse Sujii, destacando que no mercado há uma grande variância nos cenários de trajetória que a Selic deve percorrer até a taxa terminal.
Na curva de juros, a precificação de Selic para o Copom de outubro subiu de 105 para 108 pontos de ontem para hoje. A probabilidade de elevação de 1 ponto caiu de entre 75% e 80% para entre 65% e 70%, enquanto a de 1,25 avançou para entre 30% a 35%, de entre 20% e 25% ontem. Os cálculos são da Greenbay Investimentos.
Os juros longos foram influenciados pelo ritmo dos Treasuries, por sua vez, embalados pelas mensagens recentes do Federal Reserve de que pode iniciar o tapering em novembro. “As taxas estão subindo no mundo todo puxadas pela T-Note, que hoje bateu em 1,46%. Mas é um nível ainda historicamente baixo”, disse o estrategista-chefe da Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.
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Por Denise Abarca
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