Entidades que representam caminhoneiros vão se reunir neste sábado, 18, em Brasília, em um encontro nacional da categoria, intitulado de “em busca da unificação das lutas e sobrevivência da categoria”. O objetivo, segundo líderes que organizam o evento, será debater uma agenda única dos transportadores rodoviários, incluindo transportadores autônomos e celetistas. O encontro colocará na mesa de conversa entidades que frequentemente divergem na convocação de paralisações, como a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), que, juntamente com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), promovem o encontro.
Presidente do CNTRC, Plínio Dias, diz que a expectativa é reunir representantes e lideranças de mais de 13 Estados. Já lideranças ligadas ao movimento de caminhoneiros patriotas, que fizeram atos em prol do governo Bolsonaro e contra o Supremo Tribunal Federal, não foram convidadas para o encontro. “Eles não falam em nome da categoria. Era só politicagem”, afirmou Dias.
Após a reunião, a agenda de comum acordo deve ser apresentada ao governo federal por meio do Ministério da Infraestrutura. “Primeiro vamos conversar e depois definir os rumos de como se alcançará cada um dos pontos da pauta”, apontou o diretor da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer. Ele diz que a ideia é planejar os passos para cobrar promessas feitas à categoria, mas ainda não cumpridas, e inclusive algumas conquistas, como a tabela de frete, que, embora exista, não é cumprida por algumas empresas e sua constitucionalidade ainda depende de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Assim, na pauta do encontro estão questões como cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário, defesa da constitucionalidade do piso, preço elevado do diesel, política de preços de combustíveis da Petrobras, voto em trânsito, marco regulatório do transporte rodoviário de cargas, aposentadoria especial com 25 anos de trabalho e impactos da BR do Mar no transporte rodoviário. “A ideia é traçar uma pauta única dos autônomos, organizada em conjunto. Vemos que há necessidade dessa união e a cada dia que passa surgem pessoas usando o nome da categoria em interesse próprio”, disse o presidente da Abrava, Wallace Landim, conhecido como Chorão.
A possibilidade de a categoria fazer greve nacional não é descartada, mas não é citada como assunto de primeira ordem pelos representantes. Contudo, alguns citam que formas de organização para uma eventual paralisação tendem a ser discutidas. Outros apontam que o encontro servirá também para identificar se haveria adesão nacional para um eventual movimento. A reunião também é vista como uma tentativa dos autônomos de superarem cisões e rachas na categoria que surgiram após a greve de 2018. Há divergências também quanto ao alinhamento de algumas entidades com a gestão Bolsonaro e afastamento de outros do governo. O encontro é o primeiro de abrangência nacional desde a interrupção das atividades pelos autônomos naquele ano.
Por Isadora Duarte
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