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Incertezas e ano eleitoral pedem diversificação dos ativos, segundo especialistas

Investidor brasileiro está ficando mais acostumado com a volatilidade (Foto: Pixabay)

Por Jessica Bahia Melo

Investing.com – Em meio a incertezas, tensão política, expectativas para eleições, alta na inflação e na taxa básica de juros da economia, os investidores terão um cenário desafiador no ano que vem. Passar tranquilidade diante desses desafios será o foco dos profissionais que trabalham com assessoria de investimentos, ramo em expansão no país nos últimos anos. Trabalhar o autoconhecimento, ter planos bem definidos e diversificar os ativos foi recomendação de especialistas durante evento virtual da Eleven Sessions, realizado pelo Eleven Financial Research.

Marcelo Barboza, CEO da Nova Capital, acredita que ao longo de 2019, com movimento de alta na bolsa, os clientes passaram a assumir mais riscos, muitas vezes contra as recomendações dos assessores. Em 2020, com a pandemia, o trabalho foi de psicólogo financeiro. “Nosso papel foi mais de acalmar os investidores naquele momento. Hoje existe uma preocupação maior não só em rentabilizar, mas em proteger os investimentos para que não tenha uma exposição excessiva. Com eleições do ano que vem e cenário incerto, reforçamos a importância da diversificação dos ativos em investimentos não correlacionados com a bolsa, como ouro, por exemplo”, destaca o gestor.

Alexandre Bueno do Prado, sócio da RJ Investimentos, disse que o investidor brasileiro costumava investir na renda fixa pelo histórico de inflação e dos juros. No entanto, agora está mais acostumado com a volatilidade e entende a oscilação maior dos ativos, principalmente após a pandemia. “Muitos investidores estavam um pouco sobrealocados em ativos de risco, porque os juros estavam muito baixos e a tendência era muito positiva. Muitos tomaram um susto. Mas ainda, o investidor tem deixado de ser conservador, tem procurado mais ativos diretos, seja ativo de renda fixa, certificados de operações estruturadas, fundos e previdência privada”, aponta Prado.

Assessorias com mais capilaridade nos estados

Enquanto em 2019 o número de pessoas físicas na renda variável era de um milhão, neste ano já passa dos 3,8 milhões, segundo a B3 (SA:B3SA3). No primeiro semestre deste ano, o valor em custódia investido em renda variável alcançou R$ 545 bilhões, valor 55% superior ao mesmo período de 2020. Junto com esses novos investidores, houve uma maior descentralização das unidades que trabalham com assessoria, anteriormente concentradas no eixo Rio-SP.

Marcos Araújo Fernandes, CEO da Valore Investimentos, de Curitiba, conta que quando iniciou no mercado, não havia a figura de assessor, o que gerava muita assimetria de informação e dificuldades. “Hoje temos muito acesso a dados em tempo real. E a gente chega em um momento que a regionalização passa a ser uma realidade. O investidor private que fazia seus negócios em SP passa a ter relacionamento local, a investir seu capital no estado, deixar tributos e receita aqui. Antigamente, havia uma concentração muito grande nos mercados bancários”, completa.

Matéria originalmente publicada em Investing.com