O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou, durante perguntas no evento MacroDay 2021, do BTG Pactual, que o Banco Central não tem necessidade de reagir a dados de alta frequência em meio ao processo de alta de juros. “Temos um plano de voo que olhamos em um horizonte mais longo. Significa que o BC não tem necessidade de reagir a dados de alta frequência”, disse, em seu último evento antes do período de silêncio do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre na semana que vem.
Questionado se a comunicação do BC de que fará o necessário para a convergência à meta se refere ao ciclo ou ao ritmo de alta de juros, Campos Neto respondeu que a autarquia entende que pode levar a taxa Selic aonde for preciso para atingir tal objetivo.
“Não significa que o BC vai mudar plano de voo a cada dado de alta frequência”, disse ele, reconhecendo dados piores na ponta, com a inflação mais disseminada.
Depois da surpresa negativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto (0,87%), o mercado passou a precificar aumento entre 1,25 ponto porcentual e 1,50 ponto no próximo Copom, neste mês, o que seria uma aceleração do passo ante a última reunião, em que houve alta de 1 ponto.
Prêmio de risco
O presidente do Banco Central reconheceu que há um prêmio de risco em relação ao patamar do câmbio frente ao período anterior à pandemia de covid-19. Campos Neto destacou que há incerteza com o processo eleitoral, mas que, à medida que se mostre equilíbrio do ponto de vista fiscal, isso deve ceder.
“O fiscal está melhor. O Brasil já passou o número de vacinados em vários países e conseguimos passar várias reformas no Congresso. No entanto, isso não se traduziu em uma queda do prêmio de risco. Mas, aos poucos, isso vai se incorporando aos preços”, disse Campos Neto.
Em mais uma avaliação sobre o cenário fiscal, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou que o ruído atual está ligado a uma percepção do mercado de que as reformas estruturantes que estão sendo propostas são apenas uma forma de viabilizar a ampliação do Bolsa Família em meio ao ano eleitoral. “O mercado fez uma ligação entre programas que o governo está tentando fazer e necessidade de fazer o Bolsa família como fenômeno das eleições.”
Em sua avaliação, é preciso esclarecer o desenho do Bolsa Família e as discussões em torno dos precatórios. “O mercado vai olhar para a próxima coisa. Vai olhar que o balanço de riscos não é tão ruim quanto se esperava. E focar no estoque, no fluxo e convergência fiscal e olhar para frente. É o processo que deve acontecer”, disse, referindo-se à melhora dos indicadores fiscais.
Por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues
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