O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central (BC) alertou nesta quarta-feira para o aumento do apetite ao risco dos bancos no crédito para famílias e avaliou ser importante que os intermediários financeiros continuem preservando a qualidade das concessões.
“Os volumes mensais das contratações no crédito imobiliário seguem em patamares elevados, estimulados pelo nível historicamente baixo das taxas de juros cobradas. Nos financiamentos de veículos, principalmente de automóveis usados, tem-se observado alongamento dos prazos e elevação do percentual do valor do bem financiado pelos intermediários financeiros”, apontou a ata da última reunião do colegiado.
O Comef chamou atenção ainda para os sinais de redução do custo de manutenção de liquidez, enquanto os prazos de captação permanecem curtos. De acordo com o BC, o perfil de captação do Sistema Financeiro Nacional (SFN) – que se alterou na pandemia – continua com demanda por instrumentos que ofereçam liquidez imediata.
“O custo do estoque de captações segue maior que a taxa de remuneração dos ativos líquidos, mas a diferença entre eles se reduziu. O Comef avalia que as instituições financeiras têm se adaptado para lidar com as mudanças mediante redefinições de estratégias de captação e de gestão de liquidez”, acrescentou o documento.
O BC reconheceu ainda que o aumento recente da inflação nas economias avançadas traz riscos de aperto nas condições monetárias globais. Na avaliação do Comef, isso poderia levar a uma “reprecificação desordenada” dos ativos, com aumento da aversão ao risco e reversão dos fluxos de capital para economias emergentes. O colegiado garantiu, no entanto, que a exposição dos bancos brasileiros ao risco da taxa de câmbio é baixa e que a dependência de funding externo é pequena.
O Comef avaliou ainda que o sistema financeiro das principais economias segue resiliente, e que as instituições financeiras nesses países mantêm níveis de capital e liquidez robustos.
“Algumas jurisdições elevaram os buffers de capital contracíclico ou sinalizaram elevações futuras em função de vulnerabilidades locais, especialmente no mercado imobiliário. Simulações do BC e testes de estresse realizados pelas jurisdições indicam que o sistema financeiro global permanece preparado para suportar choques adicionais”, concluiu o documento.
Por Eduardo Rodrigues
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