O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quinta-feira, 19, que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, fez investigações e está “abismado” com a corrupção encontrada no banco estatal. Ao divulgar o balanço da instituição, Guimarães fez menções a “problemas de gestões passadas”, entre 2009 e 2015 que provocaram um prejuízo de R$ 46 bilhões no balanço do banco, segundo cálculos divulgados nesta quinta pela atual gestão.
“Pedi para todo mundo fazer uma auditoria do passado e ele falou que está abismado com o que levantou em alguns meses sobre corrupção na Caixa”, declarou o presidente a apoiadores presentes na porta do Palácio da Alvorada no período da manhã desta quinta-feira.
Guimarães está à frente da Caixa há dois anos e meio. Ele assumiu no início do mandato de Bolsonaro, em 1.º de janeiro de 2019.
Ao divulgar o resultado do banco do segundo trimestre, o próprio Guimarães afirmou que as perdas econômicas de gestões passadas estão relacionadas a investimentos feitos por meio do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) ou empréstimos “mal feitos”, todos já conhecidos.
O lucro líquido do Caixa foi de cerca de R$ 6,3 bilhões no segundo trimestre, mas, segundo Guimarães, o resultado era para ter sido de R$ 8 bilhões a R$ 9 bilhões.
A diferença das cifras, disse, se dá por impactos como a redução da taxa de administração do FGTS, sob responsabilidade da Caixa. No ano, a mudança consumiu R$ 3 bilhões de lucro do banco público.
Outro fator, conforme o presidente da Caixa, é a necessidade de provisionar perdas econômicas por problemas em gestões passadas, de 2009 a 2015. No período, a gestão atual calcula um prejuízo de mais de R$ 46 bilhões.
“Antigamente, esses fatores eram muito importantes. Hoje, são pouco relevantes e a Caixa consegue ter aumento de lucro a despeito da redução da taxa do FGTS e perdas econômicas com créditos e investimentos mal feitos”, disse em coletiva de imprensa.
Para gerar lucro ao banco, segundo Guimarães, é só não “roubar” e não emprestar para empresa que não vai pagar, não patrocinar times de futebol. “Eu prefiro emprestar para 500 mil microempresas, cuja inadimplência é muito menor e há uma pulverização pelo Brasil”, afirmou. “É melhor do que emprestar para duas grandes. Não há possibilidade grande de corrupção uma vez que o tíquete médio dos empréstimos é de R$ 100 mil e não de R$ 10 bilhões, R$ 15 bilhões”, concluiu.
BNDES
Além das desconfianças na Caixa, Bolsonaro afirmou que já está pronto um levantamento de suspeitas de irregularidades no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo o presidente, não estão sendo pagas as prestações anuais dos empréstimos internacionais.
A ofensiva sobre o BNDES é uma retórica antiga de Bolsonaro, que, durante a corrida presidencial de 2018, disse que iria “abrir a caixa preta” da instituição.
Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o banco chegou a gastar R$ 48 milhões em uma auditoria interna, mas não encontrou ilegalidades.
As supostas novas suspeitas envolvendo o BNDES serão abordadas, provavelmente, na semana que vem, durante live nas redes sociais, afirmou Bolsonaro.
Ele não informou se o presidente da instituição, Gustavo Montezano, estará presente.
Por Eduardo Gayer, Sofia Aguiar e Aline Bronzati
Siga o Mercado News no Twitter e no Facebook e assine nossa newsletter para receber notícias diariamente clicando aqui.
Be First to Comment