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Juros sobem mais com nova piora da percepção de risco fiscal e político

Nesta sexta-feira, os juros futuros voltaram a subir (Foto: Steve Buissinne/Pixabay)

Os juros futuros voltaram a subir com força nesta sexta-feira. O incessante noticiário fiscal negativo e o aumento dos ruídos políticos – neste dia 13 com a prisão do ex-deputado federal e atual presidente do PTB, Roberto Jefferson – continuaram alimentando posições defensivas, mesmo com a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e discursos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nos últimos dias considerados hawkish. Nesta sexta, ele afirmou ser impossível “segurar expectativas com fiscal descontrolado”.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 6,625%, de 6,595% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 8,259% para 8,34%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 9,40% (9,245% na quinta-feira) e a do DI para janeiro de 2027 avançou a 9,82%, de 9,633%. Enquanto na quinta as taxas a partir de 2031 fecharam acima de dois dígitos, nesta sexta esse movimento se estendeu aos contratos a partir de 2028.

O economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, destaca que a curva já negocia a patamares próximos ao de 2017, “marca esta que não imaginávamos possível no início deste ano”. “O mal-estar político está instalado, não há como negar. As constantes brigas de Bolsonaro com os outros poderes roubam o protagonismo da agenda econômica para a discussão de temas que tem pouca ou nenhuma relevância para a melhoria da atividade brasileira”, disse.

Segundo ele, muitos na Faria Lima veem com desconfiança os recentes movimentos fiscais do governo como a PEC dos precatórios por exemplo. Nesta sexta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, saiu em defesa da opção do governo de parcelar o pagamento, alegando que é única forma de conseguir executar o Orçamento a partir do próximo ano. “Preferiam que eu rompesse o teto?”, questionou, ante críticas de economistas de que a solução adotada pelo governo representa calote.

Também o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, reforçou a imagem dos precatórios como o “meteoro” atingindo as contas públicas, citado na semana passada por Guedes, e disse que o espaço para gastos está ficando ainda mais apertado com o avanço da inflação.

Segundo ele, cada ponto porcentual de alta da inflação significa a perda de R$ 6 bilhões na folga para aumento de gastos no orçamento. “Estamos sendo passageiros da inflação, não temos mais controle”, comentou durante live da XP.

Após a declaração, as taxas renovaram máximas na última hora de negócios, com os agentes buscando proteção contra novas possíveis “bombas” no noticiário do fim de semana.

O gestor de renda fixa da Sicredi Asset Cassio Andrade Xavier cita ainda como um dos fatores para aumento do desconforto nesta sexta a prisão de Roberto Jefferson, o mesmo que em 2005 denunciou o esquema do “mensalão”, com pagamentos periódicos a parlamentares para garantir aprovação de projetos de interesse do governo. A detenção foi pedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também é desafeto do presidente Jair Bolsonaro. “Isso eleva ainda mais o ruído político, dada a cobrança da base aliada para que o presidente responda”, disse o gestor da Sicredi Asset Cassio Andrade Xavier. O PTB é um dos partidos da base de apoio ao governo.

Por Denise Abarca

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