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BCE/Lagarde: economia da UE se recupera, mas variante delta ameaça crescimento

A inflação da zona do euro deve se elevar no médio prazo de forma temporária (Foto: Shutterstock)

A economia da zona do euro iniciou o ciclo de recuperação e deve registrar um forte crescimento no terceiro trimestre deste ano, impulsionada pelo avanço da vacinação contra a covid-19, afirmou a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, durante coletiva de imprensa após a reunião de política monetária da entidade, nesta quinta-feira, (22).

Lagarde ressaltou, porém, que a pandemia de coronavírus ainda deixa uma “sombra na economia, sobretudo com a variante delta”. De acordo com ela, a cepa, altamente contagiosa, pode conter a recuperação na zona do euro, com maior impacto nos serviços e setores de turismo e hospitalidade.

Caso a economia europeia cresça como esperado, o nível de atividade anterior à pandemia deve ser retomado no primeiro trimestre de 2022, segundo Lagarde. Ela destacou também que ainda há 3,3 milhões de pessoas empregadas a menos que antes da crise sanitária.

Inflação

A inflação da zona do euro deve se elevar no médio prazo de forma temporária, impulsionada por gargalos na cadeia produtiva, alta nos preços de energia e em reflexo à base comparativa fraca de 2020, mas deve seguir abaixo da meta de 2% ao ano do BCE, afirmou Christine Lagarde.

Para o curto prazo, Lagarde estima que a inflação deve subir mais, e arrefecer ao longo de 2022. A última leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) apontou alta anual de 1,9% em junho. Segundo ela, as pressões nos preços são contidas pela fraqueza da economia, e devem seguir baixas com a alta salarial fraca na região e a apreciação do euro.

A dirigente alertou que ainda “levará” algum tempo até que os efeitos da pandemia de coronavírus na inflação sejam eliminados. A projeção do BCE, segundo Lagarde, é que as restrições à atividade na zona do euro pela crise sanitária persistam até o quarto trimestre de 2021.

Passada a pandemia, Lagarde afirmou que o BCE quer ver a inflação a 2% ao ano bem antes do fim de horizonte de projeção da entidade. Segundo ela, a autoridade monetária europeia vai ajustar seus instrumentos para estabilizar a inflação neste nível.

Compras de ativos

A Presidente do Banco Central Europeu também disse que o Conselho da entidade não discutiu a redução das compras de ativos feitas por meio do seu Programa de Compras Emergenciais da Pandemia (PEPP, na sigla em inglês), na reunião de política monetária que terminou nesta quinta-feira. De acordo com a dirigente, reduzir as compras e apertar a política monetária agora seria “prematuro”.

Segundo Lagarde, o Conselho do BCE discutiu as implicações do novo “forward guidance” – adotado para refletir a nova meta de inflação a 2% anual – à taxa de juros na zona do euro. O instrumento deve “desempenhar um papel em algumas ferramentas que usamos extensivamente no momento”, disse ela. A dirigente informou que não houve apoio unânime ao novo “forward guidance” no Conselho, mas todos concordaram que o instrumento deveria ser revisado.

Sob a nova estratégia do BCE, Lagarde defendeu que a entidade deve agir de forma energética e persistente para reverter um nível de preços abaixo da meta. Segundo ela, uma inflação “moderadamente acima de 2%” acontece “acidentalmente, não deliberada”.

A dirigente ainda disse que os riscos ao cenário econômico na zona do euro estão “amplamente equilibrados” e as empresas bem financiadas, o que explica a desaceleração do empréstimos na região.

Por André Marinho e Gabriel Caldeira

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