O governo do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apresentou nesta quarta-feira, (21), um plano para alterar os termos do acordo do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), no que diz respeito às sensíveis relações comerciais com a Irlanda do Norte. A UE, contudo, já avisou que não pretende retomar as negociações.
Em documento de 28 páginas, Londres defende a ativação do artigo 16 do tratado do divórcio, que autoriza mudanças no texto em caso de “circunstâncias extremas”. “Para lidar adequadamente com os desafios, de forma duradoura ao invés de temporária, este novo equilíbrio deve trazer mudanças significativas para o protocolo existente”, disse Johnson, no relatório.
O pacto em vigor no momento foi acordado como um dos requisitos principais para um entendimento sobre o Brexit, formalizado no final do ano passado. O dispositivo tenta evitar a criação de uma fronteira física entre Irlanda e Irlanda do Norte, que poderia violar o acordo de paz de 1998 na região. Na prática, isso significa que algumas mercadorias teriam restrições para fluir com o restante do Reino Unido, o que desagrada Londres.
A contenda tem sido referida por parte da imprensa britânica como a “guerra das salsichas”, produto básico no café da manhã local que pode estar entre os afetados pela questão. Os dois lados concordaram em estender até setembro a isenção aos alimentos resfriados, mas buscam um consenso permanente.
Segundo Johnson, o protocolo tem “profundo impacto econômico, político, social e comercial ” e, por isso, deve ser reescrito. Ele exortou a UE a voltar a mesa de negociações para tratar do tema. “Estou convencido de que podemos encontrar um entendimento que possa durar”, disse.
Após a divulgação do documento, Bruxelas rejeitou qualquer proposta para alteração do protocolo. O comissário da UE responsável pelas relações interinstitucionais, Maro efcovic, disse que o texto busca preservar a integridade do mercado único. “Para que esses objetivos seja alcançado, o protocolo deve ser implementado. Respeitar as obrigações legais internacionais é de grande importância”, argumentou, em comunicado.
Por André Marinho
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