Por 8 votos a 1, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) decidiu nesta sexta-feira (16) manter sua política monetária, com a taxa de depósito em -0,1% ao ano e a meta de juros do título público (JBG) de 10 anos em torno de 0%, sem estabelecer limites de compras de ativos para chegar a esse objetivo. A decisão já era esperada pelo mercado, como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Houve, contudo, uma novidade: o lançamento da linha de crédito voltada a iniciativas sustentáveis sem incidência de juros.
A iniciativa já havia sido adianta no comunicado de política monetária anterior, mas sem detalhamento. De acordo com o texto publicado hoje, o BoJ vai liberar empréstimos aos bancos comerciais para que ajudem empresas a financiar projetos para mitigar as mudanças climáticas. A proposta vem em meio às discussões nos principais bancos centrais do mundo sobre expandir o papel das autoridades monetárias para além da estabilidade de preços. O Banco do Japão também anunciou que comprará “bônus verdes” emitidos por governos estrangeiros.
O BoJ ainda reduziu sua projeção de crescimento para o atual ano fiscal, que termina em março de 2022, de 4,0% para 3,8%. Já a estimativa de crescimento para o ano fiscal a ser encerrado em março de 2023 foi elevada de 2,4% para 2,7%.
Já a previsão para o núcleo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que exclui itens voláteis como alimentos e energia, para este ano fiscal foi alterada de 0,1% para 0,6%, ainda muito abaixo da meta de inflação de 2%.
O presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, disse nesta sexta-feira que a questão das mudanças climáticas pode ser tratada com política monetária, mas que isso não necessariamente sinaliza uma grande mudança nos mandatos de bancos centrais.
“Não acho que os mandatos de bancos centrais de países avançados estejam mudando, por enquanto”, disse Kuroda, em coletiva de imprensa que se seguiu ao anúncio de política monetária do BC japonês. De qualquer forma, o BoJ pode reduzir riscos de instabilidade econômica ligados a mudanças climáticas, ao ajudar bancos com empréstimos voltados a iniciativas sustentáveis, acrescentou ele. Fonte: Dow Jones Newswires.
Por Eduardo Gayer
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