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Com altas de até 17%, preços de carne e ovos vão bater de novo inflação em 2021

Com altas de até 17%, preços de carne e ovos vão bater de novo inflação em 2021 (Fonte: Divulgação/Abiec)

Com a renda comprimida e o desemprego em alta, ter carne vermelha no prato pesará cada vez mais no bolso dos brasileiros. E o cenário não será diferente se a alternativa escolhida for o frango, os ovos ou a carne de porco. Especialistas projetam que a inflação para as proteínas vai superar a marca de 10% este ano, após já ter disparado em 2020. O aumento previsto para 2021 está bem acima da estimativa para a inflação oficial (IPCA), de 5,9%.

De acordo com a consultoria LCA, a maior alta neste ano continuará sendo no preço da carne de boi (17,6%), seguida da de porco (15,1%) e de frango (11,8%). Alternativa às carnes, o valor do ovo de galinha também deve subir (7,6%). Já a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) prevê um aumento nos preços do frango entre 10% e 15% já no fim de julho e início de agosto.

Essas previsões chegam num momento de queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que já reclamou em público do reajuste dos preços da carne, do arroz, do gás de cozinha e dos combustíveis.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, as razões para o aumento da carne bovina diferem dos motivos para as outras proteínas. Enquanto os produtores de gado tiveram redução na produção e maior exportação, a culpa pelo preço maior do frango, do porco e dos ovos recai sobre os insumos para a criação dos animais.

De acordo com dados da Embrapa, os custos de produção em geral subiram 52,30%, para o frango, e 47,53%, para os suínos, nos últimos 12 meses. Matérias-primas para a ração, o milho teve alta de preços de 68,8% em 2020, enquanto a soja ficou 79,4% mais cara no atacado. As projeções para 2021 são de aumento de 39,8%, para o milho, e de 7,2%, para a soja.

Os produtores alegam que a única saída é o repasse dos custos para os preços ao longo da cadeia, até chegar às gôndolas dos supermercados. Santin explica que, até agora, os frangos comercializados na ponta foram criados, por exemplo, com o milho vendido a R$ 50 a saca – valor que disparou para R$ 90 nos últimos meses.

“Há um prazo de produção até chegar às prateleiras, agora que estão começando a chegar os frangos que estão comendo o milho mais caro. As empresas terão de repassar o preço ou, então, quebram”, completou.

De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, em junho de 2020 as famílias gastavam em média R$ 36,62 por mês com o consumo de frango. Com o aumento do preço do produto e a substituição da carne bovina, o gasto passou para R$ 43,95 no mês passado.

“Há uma tendência de alta daqui para frente, mas esse aumento para chegar à ponta vai depender dos níveis de estoque de cada empresa. Os supermercados vão negociar exaustivamente os preços. Quando não conseguirem negociar mais, vão repassar para o consumidor”, afirma.

Substituição

Com o orçamento pressionado pela alta de preços dos alimentos, combustíveis e energia elétrica, entre outros itens, muitos brasileiros têm alterado a lista de compras. O pesquisador Thiago Bernardino de Carvalho, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), afirma que os cortes bovinos, mais caros, são trocados pela carne suína e pelo frango. No fim da cadeia de trocas, está o ovo de galinha. “O ovo é o destaque, porque é mais barato, só que a demanda está mais aquecida, e o custo de produção também subiu”, completa.

Milan, da Abras, aconselha que os consumidores reforcem as pesquisas de preço e façam substituições, quando for possível. “Além disso, recomendamos comprar a quantidade necessária, não fazer estoque, porque, se todo mundo sair comprando, aumenta a demanda, e o preço sobe ainda mais.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Lorenna Rodrigues e Fabrício de Castro

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