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Dólar cai 1,87% com discurso ameno do Federal Reserve e IPOs

O dólar encerrou a quarta-feira em queda de 1,87% (Foto: Divulgação)

O tom ameno do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que rechaçou qualquer especulação em torno de uma retirada mais rápida dos estímulos monetários, a despeito de índices de inflação mais altos, abriu a porta para uma valorização expressiva das divisas emergentes nesta quarta-feira. O real, que havia sofrido em demasia no início do mês, liderou o ranking de valorizações, escorado também na expectativa de entrada forte de recursos para ofertas de ações iniciais (IPOs) e na repaginação de parte da proposta de reforma tributária.

O dólar à vista abriu com sinal negativo e acentuou a queda ainda pela manhã, na esteira da divulgação antecipada do discurso de Powell faria à tarde no Congresso. Com máxima de R$ 5,1567 e mínima R$ 5,0679, a moeda à vista encerrou o pregão a R$ 5,0841, em queda de 1,87%. Foi o maior recuo porcentual desde de 31 de março, quando caiu 2,31%. Em apenas três pregões desta semana, a moeda americana já acumula baixa de 2,96%, reduzindo a alta em julho para 2,23%.

No Congresso americano, Powell afirmou que seria “um erro mudar a política monetária de forma prematura” e que as “projeções apontam que os preços baixarão com a abertura plena da economia”. Ele também disse que ainda há um grande “caminho” até que a taxa de desemprego, hoje em 5,9%, volte ao nível de fevereiro de 2020. “Uma das condições para subir juros é a taxa de desemprego estar perto de pleno emprego”, afirmou.

Para gestor da Galapagos Capital Valter Unterberger, os comentários de Powell hoje mostram que o Fed considera o quadro de inflação alta transitório, embora os núcleos inflacionários também estejam pressionados. “Isso acalmou os mercados, e abriu espaço pra queda do dólar. O componente externo pesou muito hoje”, afirma Unterberger, para quem o Fed pode iniciar o ‘tapering’ em dezembro, com o mercado de trabalho dando sinais mais fortes.

Unterberger diz que tem uma visão relativamente construtiva para o Brasil, dado o avanço da vacinação, a melhora do quadro fiscal e a normalização da política monetária. “A conjuntura melhorou muito e estou mais construtivo para o câmbio. Não vai ser um rali, com grande velocidade, mas o real continua sendo uma das minhas moedas favoritas”.

Por ora, o mercado parece ter deixado de lado os ruídos políticos provocados pela CPI da Covid, que apura superfaturamento em compra de vacinas, e as especulações sobre eventuais desdobramentos da perda de capital político do presidente Jair Bolsonaro, internado hoje por causa de problemas intestinais. Bolsonaro teria até um encontro com presidentes dos outros Poderes, na tentativa de aparar arestas, mas o compromisso teve de ser cancelado.

Para José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos, o risco político arrefeceu bastante e a agenda de reformas, como a tributária, avança no Congresso. “Além disso, com a Selic em alta, vamos passar a ter juro real quando olharmos a inflação 12 meses à frente, o que também contribui para dar alguma sustentação à moeda”, afirma Junior, que não vê, contudo, o dólar caindo abaixo de R$ 5 no curto prazo.

Dados do Banco Central mostram que o País registrou fluxo cambial positivo de 808 milhões em julho (até o dia 9), sustentado pela entrada líquida de US$ 2,552 bilhões pelo lado comercial. Pelo canal financeiro, houve saída líquida de US$ 1,744 bilhão no período, que foi marcado por forte alta do dólar.

Por Antonio Perez

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