O investidor da B3 divide as atenções entre o início da safra de balanços nos EUA, inflação americana, dados de serviços no Brasil e uma série de notícias de empresas brasileiras, sendo a principal delas envolvendo a Eletrobras. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro sancionou a medida provisória que abre caminho para a capitalização da companhia. A ratificação conta com 14 vetos, dentre eles de um artigo que determinava que o Poder Executivo aproveitasse empregados da Eletrobras e de suas subsidiárias demitidos sem justa causa durante os 12 meses subsequentes à desestatização. Os vetos podem gerar incômodo no mercado.
Depois de subir 1,73%, fechando aos 127.593,83 pontos na segunda-feira, (12), o Ibovespa iniciou o pregão em queda nesta terça-feira, seguindo o recuo em Nova York. Por lá, a taxa de inflação americana subiu a 0,9% em junho ante maio, superando a previsão de 0,5%. Com isso, a inflação anual do país atingiu 5,4%, maior nível desde 2008. Às 10h53, o Ibovespa tinha recuo de 0,38%, aos 127.106,59 pontos, após mínima diária aos 126.825,43. Eletrobras caía entre 0,50% (ON) e 0,30% (PNB).
Com inflação maior, o temor é de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) comece a subir juros antes do imaginado, em 2022 e não mais em 2024, e também inicie o processo de retirada de estímulos na economia.
“Esse aumento acentuado da inflação vem da reabertura econômica do choque pós pandêmico. Em junho de 2020 foi um momento muito grave da crise do coronavírus em que os preços estavam mais baixos, até para tentar puxar a atividade econômica. E ao longo de 2021, com a reabertura da economia, os preços foram subindo. Isso caracterizou um choque inflacionário. O Fed defende que esse choque é temporário e fruto dessa abertura”, avalia Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora, em nota.
Os dados mais fortes de inflação ofuscaram a safra de balanços do segundo trimestre dos EUA, que começou hoje com Pepsico, JPMorgan e Goldman Sachs.
Outro assunto que gera cautela na B3 é o relatório da reforma do Imposto de Renda (IR), que deve manter a taxação sobre a distribuição de lucros e dividendos a acionistas. Contudo, a proposta deve dar alívio ainda maior às empresas, com uma redução total da carga do imposto de R$ 20 bilhões e deixar fundos imobiliários isentos. O novo texto deve ser apresentado hoje.
Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest, ressalta que já se esperava alteração na proposta apresentada inicialmente. A despeito disso, entende que se a reforma for aprovada, será um avanço, o que pode limitar uma realização maior hoje na Bolsa, assim como os dados da balança comercial chinesa. As exportações e as importações de junho do país superaram as expectativas.
“Isso pode ajudar a segurar o índice, evitando uma realização forte. O encontro entre o presidente Bolsonaro e o Fux presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux para tentar acabar com a crise entre os Poderes também é uma boa notícia”, afirma Friedrich.
De fato, as ações ligadas ao setor de commodities metálicas sobem na B3, após a balança da China, que impulsionou o minério de ferro no mercado futuro do país. Destaque para Gerdau, com valorização em torno de 1%. Apesar da alta do petróleo, os papéis da Petrobras cediam.
Apesar da alta do volume de serviços em maio, de 1,2%, e de 23% no confronto com o quinto mês de 2020, ações do segmento de consumo caem na Bolsa, caso de Lojas Renner ON (-1,38%) e CVC ON (-1,43%).
“O resultado é positivo e indica que a reabertura em parte já está criando avanço econômico”, avalia em nota o economista-chefe da Necton, André Perfeito.
Em tempo: no dia 8, o fluxo de estrangeiro na B3 foi negativo em R$ R$ 584 milhões.
Por Maria Regina Silva
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