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Com recordes em Nova York, Bolsa fecha em alta de 1,7%

Com renovação de máximas históricas em NY, Bolsa fecha em alta de 1,73% (Foto: Espaço B3/Divulgação)

Vindo de feriado na sexta-feira em São Paulo, estes dois dias de ganhos em Nova York, com renovação consecutiva de recordes no fechamento para os três índices de referência, foram o suficiente para o Ibovespa se firmar em alta desde a manhã, mostrando avanço de 1,73%, aos 127.593,83 pontos no encerramento desta segunda-feira, após um começo de mês tumultuado, dividido entre as reverberações da proposta de tributação de dividendos e de extinção de juros sobre capital próprio (JCP) e a acentuação da temperatura política em Brasília nas últimas sessões.

Hoje, nada disso – nem a variante Delta do coronavírus – foi empecilho para que o Ibovespa buscasse reequilíbrio a partir do otimismo em Nova York, à espera do início, amanhã, de nova temporada de resultados trimestrais, a ser aberta por grandes bancos americanos. Tendo alternado variações positivas e negativas superiores a 1% nas últimas quatro sessões, o avanço desta segunda-feira, em porcentual, foi o maior desde 7 de maio, quando o Ibovespa havia subido 1,77%.

Na sexta, enquanto a B3 permaneceu fechada pelo feriado de 9 de julho em São Paulo, “o índice de ADRs brasileiras, o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, fechou o dia com uma alta de 1,5% e o EWZ, ETF de ações brasileiras nos EUA, subiu 1,3%”, observa em nota a XP. “No Brasil, o governo sinaliza mudanças na proposta de reforma tributária, enviada ao Congresso há duas semanas. Uma possibilidade é reduzir ainda mais o imposto de renda para as empresas, e há discussão de que o imposto sobre dividendos pagos entre empresas também pode ser retirado da proposta”, acrescenta a XP. “Diante das resistências ao texto original do governo, a perspectiva é a de que seja necessário mais tempo de discussão até que a proposta possa ser votada pelos deputados.”

Nesta segunda-feira, o Ibovespa oscilou entre mínima de 125.428,30 pontos, da abertura, e máxima de 127.781,91, alcançada à tarde, com giro financeiro a R$ 30,5 bilhões no fechamento do dia. No mês, o Ibovespa avança 0,62%, com ganho no ano a 7,21%.

Seguindo o padrão recente de correção, após perdas bem distribuídas na quinta-feira, quando o Ibovespa cedeu 1,25% e acumulou queda de 1,72% na semana, a recuperação observada nesta segunda-feira se disseminou por empresas e setores, com destaque hoje para siderurgia (CSN ON +6,17%, Gerdau PN +4,50%) e mineração (Vale ON +1,24%), em dia de alta para o minério na China, e especialmente para as ações de bancos, segmento de maior peso no índice, com ganhos até 3,77% (Unit do Santander) nesta segunda-feira. Na ponta do Ibovespa, Embraer fechou em alta de 8,18%, à frente de CVC (+7,29%), CSN (+6,17%) e Cosan (+6,00%). No lado oposto, apenas seis ações em desempenho negativo na sessão, com destaque para Carrefour (-1,06%) e Marfrig (-0,90%).

Amanhã, além da abertura da safra de balanços corporativos nos Estados Unidos, a atenção estará voltada também para o índice de preços ao consumidor em junho, o CPI, que, quando fora das expectativas, costuma reverberar nos yields dos Treasuries, afetando o apetite por ativos de risco, como ações – os mercados globais continuam a monitorar de perto a perspectiva para manutenção ou retirada gradual de estímulos monetários, especialmente nas maiores economias. “Na última sexta-feira, o Banco do Povo da China informou que irá realizar, a partir do dia 15 de julho, um corte do depósito compulsório para os bancos do País, visando impulsionar a economia chinesa”, aponta Thayná Vieira, economista da Toro Investimentos.

A manutenção de viés afrouxado para a política monetária na segunda maior economia do mundo é sinal de que a atividade pode estar desacelerando mais do que o tolerável pelo governo chinês, em momento em que a recuperação asiática, especialmente da China, vinha dando fôlego aos preços de commodities, como petróleo e minério de ferro. Os índices de ações asiáticos, assim como os europeus e americanos, tiveram desempenho positivo hoje, com destaque para Tóquio (+2,25%), embora se continue acompanhando “o avanço do número de casos de coronavírus na região da Ásia e do Pacífico”, acrescenta a economista.

“A vacinação tem caminhado de maneira positiva no Brasil nas últimas três, quatro semanas, mas a variante Delta continua a ser o principal ponto de atenção, fator de risco para a economia global no momento, reconhecido pelo próprio Fed”, diz Rodolfo Carneiro, especialista da Valor Investimentos.

Por Luís Eduardo Leal

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