Em meio às crescentes disparidades no processo de distribuição de vacinas contra o coronavírus no mundo, os líderes da Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Mundial do Comércio (OMC) e Fundo Monetário Internacional (FMI) reiteraram a defesa por um plano para ampliar o acesso a imunizantes em países pobres. Os três participaram de conferência organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) hoje.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chamou atenção para o que ele classifica como “nacionalismo de vacinas”, isto é, as barreiras impostas por nações desenvolvidas para a exportação dos profiláticos. Na visão dele, a pandemia atravessa um momento “crítico”, uma vez que o instrumento principal no combate à covid-19 já existe, mas não está disponível a todos.
Por causa disso, Tedros disse que todas as mortes e casos de coronavírus são “evitáveis”. Segundo ele, enquanto a imunização avançada em alguns locais reduz a incidência do vírus, em outros, o quadro apenas se agrava. O representante da OMS acredita que é importante expandir a produção local de vacinas, para reduzir a dependência da manufatura de países ricos. Também argumenta pelo compartilhamento de know-how pelos fabricantes.
A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, se disse “confiante” de que a comunidade internacional chegará a uma “solução pragmática” para o debate a respeito de uma possível quebra de patente de vacinas. De acordo com ela, as desigualdades na distribuição global dos imunizantes.
Ngozi comentou ainda que, no campo do comércio, Ásia, Europa e América do Norte estão tendo recuperação muito mais rápida do que o restante do planeta, incluindo a América Latina. “O comércio é ingrediente necessário para a construção de uma economia inclusiva”, ressaltou.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, por sua vez, alertou que o mundo “está perdendo a luta contra a pobreza”. Ela disse que, sem uma ação fiscal e monetária coordenada, como ocorreu no ano passado, a crise provocada pela covid-19 teria sido “até três vezes pior”. “Os países com vacinação lenta e espaço fiscal limitado estão ficando para trás”, afirmou.
Por André Marinho
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