Os juros futuros oscilaram em leve queda durante todo o dia, estancando a trajetória altista percorrida nas duas últimas sessões. O noticiário político não trouxe fatos capazes de piorar a percepção de risco já ruim do mercado, nem de melhorar, e a agenda de indicadores, com Payroll nos Estados Unidos e produção industrial no Brasil, foi relativizada, também sem causar alterações nas apostas para a política monetária nem aqui nem lá.
As taxas se moveram entre margens estreitas, com pouco fôlego, na medida em que o cenário econômico segue cheio de incertezas, desestimulando a montagem de posições. Numa semana de temperatura quente em Brasília, a curva fechou com algum ganho de inclinação ante o encerramento da última sexta-feira.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 5,68%, de 5,732% na quinta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 7,128% para 7,07%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 8,15%, de 8,175% na quinta, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 8,613% para 8,60%.
O spread entre as taxas para janeiro de 2022 e janeiro de 2027 ficou em 292 pontos-base, de 286,5 pontos na sexta-feira passada.
Para o analista de Investimentos Renan Sujii, depois de vários dias de noticiário pesado na seara política impondo alta volatilidade aos ativos, a sexta-feira foi de “no news is good news”, o que abriu espaço para um pequeno alívio na curva.
A informação de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro por prevaricação no caso da vacina Covaxin não foi capaz de trazer estresse. “Embora tenha um peso simbólico institucional importante, isso já estava precificado”, disse.
O ruído político ampliado durante a semana – tanto vindo das denúncias no caso Covaxin quanto de corrupção na compra de vacinas da AstraZeneca – desgasta o governo e traz pessimismo sobre a agenda econômica. O operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio diz que há receios de que o andamento das reformas seja paralisado se o governo passar a operar no modo de sobrevivência. “São questões que entraram no radar e devem sair só depois das eleições”, afirmou.
Por outro lado, afirma que há quem esteja confiante de que, mesmo nos piores cenários, a estabilidade fiscal será preservada.
A agenda do dia provocou reações pontuais sobre as taxas, mas nada que fosse determinante para definir tendência. A produção industrial de maio subiu 1,40% ante abril, abaixo da mediana das estimativas (1,6%).
As taxas domésticas chegaram a tocar mínimas após a divulgação do Payroll, que mostrou criação de vagas em junho acima da esperada, mas, ao mesmo tempo, aumento da taxa de desemprego e no salário médio por hora.
Por Denise Abarca
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