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Dólar tem dia volátil, mas fecha novamente abaixo de R$ 5,00

O dólar encerrou o dia em leve queda de 0,07% (Foto: Karen Bleier / AFP)

O dólar fechou abaixo de R$ 5,00 pelo segundo dia. Mas no aguardo de novos catalisadores, o câmbio teve um pregão volátil, em parte marcado por um movimento de realização de ganhos, após a moeda americana acumular queda de 7% nos últimos 30 dias, a maior dos emergentes no período. No exterior, o dólar operou sem tendência única nesta quarta-feira, o que contribuiu para a falta de direção do real. Indicadores mistos da economia americana e declarações de dirigentes do Federal Reserve reforçaram o tom de cautela nas mesas de operação.

No Brasil, o fluxo de capital externo, comercial e financeiro, tem sido forte este mês e mais recursos entram nos próximos dias, por conta de captações de empresas, o que ajuda a limitar eventual pressão de valorização do dólar, destacam os profissionais das mesas de câmbio. Nesta quarta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o dólar, após ter rompido o piso dos R$ 5,00 na terça, ainda pode cair mais. Ao mesmo tempo, ele disse que o presidente Jair Bolsonaro anunciará mais três meses de auxílio emergencial, o que provocou certa cautela nos investidores.

No fechamento, após bater na mínima de R$ 4,93 no começo da tarde, o dólar encerrou o dia em leve queda de 0,07%, a R$ 4,9628. No mercado futuro, o dólar para julho, que vence na próxima semana, subia 0,15%, a R$ 4,9685 às 17h40.

Para o sócio da gestora 051 Capital, Flávio Aragão, a taxa de juro muito baixa havia espantado o investidor estrangeiro do Brasil, junto com a deterioração fiscal e a atividade enfraquecida. A correção deste movimento da Selic vem ajudando o real, ressalta ele, pois ajuda a atrair capital externo. Além disso, o cenário de atividade começou a melhorar de forma importante, isso em um ambiente de melhora dos termos de troca para o país, por conta da alta das commodities no exterior.

O fluxo cambial em junho está positivo em US$ 2,3 bilhões até o dia 18, segundo dados desta quarta do Banco Central. Só pelo comércio exterior entraram US$ 1,3 bilhão. Pelo canal financeiro, entraram US$ 1 bilhão e há ainda as operações desta semana, com ao menos parcela de recursos de estrangeiros. A EcoRodovias captou na terça um total de R$ 2 bilhões e o Banco Inter pode lançar na quinta R$ 5,5 bilhões, dia em que a XP Inc deve acessar o mercado para emitir títulos de dívida.

Nos Estados Unidos, o índice dos gerentes de compras (PMI) de serviços decepcionou em junho, ajudando a enfraquecer o dólar. Ao mesmo tempo, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, que vota nas reuniões de política monetária, disse que antecipou sua previsão para o início do ciclo de aperto monetário. Ele prevê a primeira elevação da taxa básica de juros no fim de 2022 e ainda recomendou que o Fed comece já a discutir a redução das compras de ativos.

O Bradesco avalia que o Fed dará início à discussão sobre o ajuste no programa de compras de ativos a partir de agosto, com o “tapering”, como é chamado o início da redução, começando entre o final de 2021 e o início de 2022. Com isso, há chance de a primeira elevação da taxa básica de juros nos EUA ocorrer em 2022, ressalta relatório nesta quarta-feira.

Por Altamiro Silva Junior

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