Em meio a um processo de vacinação que mostra cada vez mais avanços, apesar de lento em comparação às principais economias do globo, e a dados de crescimento mais positivos que o esperado, gestores de grandes Fundos de Investimento, em suas últimas Cartas de Gestão, mostram uma visão mais otimista para o nosso mercado.
Na última terça-feira, 1º de junho, o IBGE divulgou uma alta de 1,2% do PIB brasileiro em relação ao quarto trimestre de 2020. O resultado foi acima das expectativas dos investidores, que eram de uma alta de 0,7%.
Nos últimos dias, o Governador de São Paulo, João Dória, afirmou que irá vacinar toda a população do Estado (até 18 anos) até o fim de outubro. No Rio de Janeiro, a previsão é a mesma.
É nessa linha que, em suma, a retomada econômica brasileira, que afeta principalmente setores como o de serviços, mostrou-se, em maio, mais clara que nos meses anteriores, trazendo ares otimistas para a nossa Bolsa.
Outro fator importante é a maior clareza na abordagem do Banco Central em relação ao perigo inflacionário. O aumento da taxa de juros, como veremos à frente, também foi visto com bons olhos pelo mercado.
Porém, não devemos simplesmente ignorar a parcimônia. Afinal, a inflação, principalmente a que pode assolar o mercado norte-americano, ainda não saiu do jogo – e, talvez, não sai tão rapidamente.
Vacinação impulsiona retomada e otimismo na economia
É diante desse panorama que o processo de vacinação se mostra importante para uma retomada cada vez mais consistente da economia mundial.
A gestora Dahlia pondera que, apesar do horizonte para o processo de vacinação ser otimista a longo prazo, a confiança das pessoas, medida pela confiança do consumidor, ainda está baixa no Brasil.
O processo da vacinação no Brasil, especialmente no Estado de São Paulo, está avançando, mas o risco de uma terceira onda ainda assombra o mercado brasileiro, somado ao alto número de desemprego por aqui.
Além da vacinação no Brasil, a Garde Asset, outra gestora de relevância no mercado, destaca o processo ao redor do mundo e como os resultados também têm sido positivos. “Dados de atividade e reabertura em países com processo mais avançado de vacinação fortalecem otimismo para economia global”, afirma a gestora.
Nos EUA, boa parte da população já está vacinada, com o uso de máscara não sendo mais obrigatório em algumas localidades. Nesse contexto, a expectativa é que os EUA devam crescer mais de 7% em 2021, por conta da reabertura econômica e de novos estímulos fiscais.
“Essas boas expectativas precisam se concretizar para que o Fed mude sua atual postura, o que antevemos acontecer gradualmente a partir de junho”, afirma a Garde.
Além do país norte-americano, a vacinação também leva a Europa a um cenário mais positivo. Por lá, ela afastou a possibilidade de extensão dos lockdowns.
“Os dados de atividade nas economias mais adiantadas nesse processo nos deixam ainda mais confiantes quanto aos efeitos favoráveis ao consumo e à atividade econômica, como é o caso do Reino Unido”, diz a Garde.
A previsão da gestora é que, com uma Zona do Euro em ponto de inflexão, a retomada econômica e o ambiente global inflacionário devem favorecer as taxas longas.
Por outro lado, é importante não passar uma falsa sensação de evolução em todo o mundo. Países emergentes, como o Chile, Índia e Turquia, ainda seguem enfrentando medidas restritivas, enquanto a população sofre com o vírus.
Ademais, a maior parte desses países vem sendo puxada pela retomada econômica da China, como afirma a Garde: “Economias emergentes devem continuar recebendo impulso favorável da China crescendo, na margem, perto do seu potencial.”
Crescimento do PIB e a resiliência da economia
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, como mencionado acima, foi divulgado com um crescimento acima do esperado.
O crescimento econômico tem surpreendido positivamente. O resultado apresentado mostra que a economia brasileira pode estar, em certa medida, se adaptando aos desafios impostos pela pandemia.
Dada a resiliência da nossa economia em meio à segunda onda da pandemia e o cenário mais otimista para a reabertura, a Garde Asset, por exemplo, revisou a projeção para o PIB de 2021 para 4%, com destaque para a retomada forte no 2º semestre.
Em acordo com o pensamento da gestora, a Dahlia diz que “não é mais exagero pensarmos em um crescimento da economia de 5% neste ano”.
A Dahlia, porém, destaca como contraponto o índice de miséria (inflação + desemprego), que está muito perto do topo.
Outro fator importante em nosso cenário é o avanço das reformas no Congresso, mencionado pela Forpus Capital. Ele também é visto como um dos aspectos que contribuem para o otimismo do crescimento econômico para os próximos meses.
Um dos pontos que mais chamou atenção da campanha presidencial de Jair Bolsonaro era a pré-disposição de sua equipe para fazer as reformas acontecerem. No seu terceiro ano de mandato, depois da mudança de presidentes na Câmara e no Senado, as reformas parecem estar enfim no caminho de avanço, o que é positivo para o nosso mercado.
A Bolsa de Valores brasileira também vem numa crescente. O Brasil teve um destaque positivo por uma melhora com as expectativas da economia doméstica.
O Ibovespa subiu 6,2% em maio, contra uma alta de 0,6% do S&P 500 (Bolsa norte-americana). O índice da B3 vem batendo máximas históricas nos últimos dias e já ultrapassou os 130 mil pontos.
Nessa linha, a Carta de Gestão da Dahlia pondera, também, que a inflação de preços de ativos vai continuar a elevar os preços das ações, apesar de a gestora afirmar que repensa essa tese todos os dias. “O Brasil pode continuar sendo beneficiado por uma expectativa de uma maior recuperação da economia no 2º semestre”, afirma a gestora.
A inflação e as commodities
As cartas dos gestores de abril, disponibilizadas no site da Levante Advice, destacaram bastante o papel das commodities no cenário macro e a grande importância delas para o mercado brasileiro.
Entretanto, em relação a maio, a Forpus Capital, por exemplo, afirma que diminuiu sua exposição aos setores exportadores de commodities devido ao ambiente mais propício à valorização do Real no curto prazo. “Aumentamos exposição nos setores de Logística, Infraestrutura, Utilidade Pública e Consumo”, explica a carta.
Apesar de o cenário de alta nos juros poder ser reforçado pelo ambiente inflacionário global, a Garde Asset acredita que tais pressões tem baixo risco de se traduzir numa inflação mais fora de controle no longo prazo, visto que o hiato aberto e tendências de longo prazo como demografia e globalização devem continuar atuando no sentido contrário.
A gestora ainda prevê um cenário de inflação pressionado para 2021, em decorrência das preocupações que advêm da nova rodada de alta nos preços de commodities internacionais, a continuidade das pressões sobre bens industriais e a possível recomposição dos preços de serviços com o fim das restrições sociais.
Com esse cenário, a gestora mantém uma projeção de 5,5% para o IPCA neste ano, acima do limite superior da meta de inflação.
(Este conteúdo é fruto de uma parceria entre a Levante Advice e o Mercado News)
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