O dólar começou a semana enfraquecido no mercado internacional e o mesmo foi observado ante o real. O dia foi de agenda esvaziada aqui e no exterior, marcado por renovado apetite em ativos de risco. Os investidores deixaram, ao menos nesta segunda-feira, as preocupações com a inflação norte-americana em segundo plano, o que abriu espaço para alta das bolsas, com o Ibovespa superando os 124 mil pontos, e ajustes nas cotações das moedas de emergentes depois das perdas da semana passada.
A perspectiva de avanço da reforma administrativa na Câmara ajudou a retirar pressão do câmbio, mas a cautela com a pandemia, em meio ao temor de uma terceira onda de covid-19 e de nova rodada do auxílio emergencial limitaram queda maior da moeda americana no Brasil nesta segunda-feira, em pregão marcado por volume fraco de negócios.
Após bater no começo do dia na máxima de R$ 5,37, o dólar à vista acabou fechando perto das mínimas do dia, em R$ 5,3247, em queda de 0,53%. No mercado futuro, o dólar para junho, que vence na próxima segunda, era cotado em queda de 0,79% às 17h40, em R$ 5,3220.
Os estrategistas em Nova York do Citigroup acreditam que a pressão para prorrogar o auxílio emergencial vai se intensificar a partir do mês que vem, o que tende a confirmar o cenário do banco americano de que os gastos vão superar o teto este ano, em algo como R$ 158 bilhões. Ao mesmo tempo, o Citi observa que o Brasil e outros países da América Latina estão recebendo fluxos externos, no caso do mercado doméstico, dinheiro de fundos mais alavancados e de curto prazo, mas que também ajuda a retirar pressão do câmbio.
“Não vou me surpreender se a gente chegar daqui a 3, 4 meses, e não tiver feito grande derrapagem fiscal e na política econômica, e o câmbio estiver em R$ 5,00 ou um pouco abaixo de R$ 5,00”, avalia o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa. “Tem uma janela para o câmbio apreciar”, disse ele em live da Genial Investimentos.
Contudo, o economista do Bradesco alerta que esse movimento vai depender do debate fiscal interno, se vai estender o auxílio emergencial, por exemplo. E vai depender do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que sinalizou intenção de começar a debater a redução das compras mensais de ativos.
Honorato observou que parece que “o câmbio está meio fora de lugar”, sobretudo quando se olha o balanço de pagamentos, que tem mostrado queda do déficit da conta corrente e aumento do superávit comercial, para níveis recordes. Dados desta segunda-feira mostram saldo positivo em maio de US$ 7 bilhões até o dia 23; no ano, chega a US$ 25 bilhões.
Na avaliação do economista-chefe da Genial, José Marcio Camargo, se fosse levar em conta os dados do balanço de pagamentos e o diferencial de juros do Brasil, que deve ficar positivo em junho em relação a média dos emergentes, o câmbio já deveria estar em R$ 4,70 ou R$ 4,80. “A diferença que temos hoje é o risco fiscal”, disse na mesma live. Se não tiver problema na questão fiscal ou em outro fator que possa mexer os prêmios de risco do Brasil, Camargo prevê que o dólar pode fechar o ano perto de R$ 5,00.
Por Altamiro Silva Junior
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