Enquanto a despesa do governo com salários do funcionalismo é uma das mais elevadas no mundo, o Brasil é um dos poucos países onde o investimento feito pela União sequer é suficiente para manter a infraestrutura que já existe.
Segundo dados do Tesouro, o investimento líquido no Brasil foi equivalente a -0,20% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Foi o quinto resultado negativo consecutivo. Em 2019, ano com maior disponibilidade de informações de outros países, o resultado do Brasil foi pior, com investimento líquido de -0,39% do PIB. De uma lista de 72 economias, o desempenho brasileiro foi o quinto pior.
O gerente de Estatísticas de Finanças Públicas do Tesouro, Artur Henrique da Silva Santos, explica que o investimento público brasileiro não está sendo suficiente para compensar o desgaste natural dos investimentos antigos já realizados.
Nos últimos anos, os investimentos públicos têm sido cada vez mais comprimidos pelas dificuldades fiscais da União e dos Estados. No ano passado, o governo federal investiu apenas R$ 48,1 bilhões, o menor valor real desde 2007.
A abertura dos dados traz maiores evidências disso. A União está desde 2015 com o investimento líquido no terreno negativo. Já os Estados, desde 2016, justamente o ano em que mergulharam mais fundo em uma crise financeira que levou o governo federal a traçar diferentes planos de socorro – com renegociação de dívidas e depois um regime de recuperação fiscal para casos mais agudos de descontrole nas contas.
Os municípios também registraram investimentos em baixa entre 2017 e 2018, mas retomaram os resultados positivos em 2019 e 2020. Santos afirma que os dados têm certa relação com o ciclo eleitoral, que costuma impulsionar obras, mas a melhora também pode estar relacionada a outros fatores locais.
Para saber a consequência do investimento líquido negativo para o País, segundo Santos, seria necessário analisar de forma conjunta a tendência dos investimentos privados. O governo tem apostado em concessões e privatizações para alavancar os investimentos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Idiana Tomazelli
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