A Caixa decidiu trocar três diretores da Funcef, o fundo de pensão dos funcionários do banco, entre eles o diretor-presidente, Renato Villela, e os responsáveis pela área de investimento. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a mudança teria sido motivada por insubordinação ao presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Ele queria ter mais poder sobre a alocação de recursos do fundo, um dos maiores do País, com patrimônio superior a R$ 80 bilhões.
A Caixa nega que essa tenha sido a razão para as alterações no fundo. Mas, nos bastidores, a recusa da Funcef em participar da oferta pública inicial de ações (IPO) da Caixa Seguridade, operação realizada no fim de abril, é apontada como gota dágua para a troca de comando. O ingresso do fundo de pensão poderia elevar o preço da oferta e, consequentemente, os ganhos do banco. Procurada, a Funcef não quis se manifestar sobre o episódio envolvendo o IPO.
Oficialmente, a mudança tem sido tratada como uma decisão normal de ciclo. No entanto, tem causado estranheza o fato de dois dos diretores substituídos terem sido empossados em setembro de 2020, ou seja, há apenas oito meses.
Dentro da Caixa, havia reclamações sobre supostos problemas de governança no fundo e ainda uma cobrança por retornos mais elevados – embora a Funcef tenha registrado superávit consolidado de R$ 2,6 bilhões em 2020, com rentabilidade de investimentos de 13,78%, acima da meta atuarial de 10,19%.
Desde as mudanças, nenhum dos destituídos falou publicamente sobre as razões da troca de comando no fundo, mas Villela publicou em uma rede social profissional uma mensagem em que ressalta justamente o desempenho positivo da Funcef sob sua gestão.
O Estadão/Broadcast tentou contato com os executivos que deixaram o cargo, mas não obteve resposta. Em nota, a Caixa informou que as mudanças foram realizadas pelo conselho de administração do banco, composto por membros independentes, e validadas pelo conselho deliberativo da Fundação.
A compra de ações da Caixa Seguridade não foi o único pedido de Pedro Guimarães que não foi atendido pela diretoria da Funcef. O Estadão/Broadcast apurou que o presidente da Caixa orientou o fundo, que detém participação acionária relevante na Vale, a votar contra a entrada de Roberto Castello Branco no conselho de administração da mineradora, na assembleia realizada em 3 de maio. O objetivo era o governo se “vingar” do executivo, após ele ser demitido da Petrobrás pelo presidente Jair Bolsonaro e deixar o cargo fazendo críticas. A Funcef optou por se abster na votação. Sobre a questão relacionada à Vale, a Funcef negou as informações, e a mineradora não quis se manifestar.
Villela, na Funcef desde 2016, será substituído pelo atual vice-presidente de Riscos da Caixa, Gilson Costa de Santana.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Anne Warth e Idiana Tomazelli
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