O Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Brasil caiu para 52,3 pontos em abril, após 52,8 pontos em março, segundo a IHS Markit. Apesar de ainda ter ficado acima da marca de 50,0, o que indica expansão da atividade, o PMI apresentou queda nos pedidos de fábrica e na produção pelo segundo mês consecutivo.
De acordo com a IHS Markit, o resultado se deve mais uma vez às restrições impostas pela pandemia da covid-19, com impacto negativo no setor industrial brasileiro. As empresas limitaram a compra de insumos devido ao aumento dos preços (escassez de materiais e moeda enfraquecida) e à demanda fraca, mas aumentaram o índice de emprego em meio a projeções otimistas das perspectivas de negócios, buscando repor funcionários dispensados.
“As taxas de redução nos pedidos de fábrica e na produção foram menos agressivas. Além disso, as empresas contrataram mão de obra extra e se mostraram mais otimistas em relação ao futuro. Os participantes da pesquisa veem a luz no fim do túnel, e muitos acreditam que uma maior disponibilidade de vacinas ajudará a reduzir o ritmo de contágio e superar as restrições”, afirma em nota a diretora associada de Economia da IHS Markit, Pollyanna de Lima.
Os dados refletem queda acentuada no desempenho dos fornecedores, afetados pelo crescimento renovado dos índices de estoque de insumos e de emprego. Houve novo declínio no índice de novos negócios, mas a taxa arrefeceu em relação a março, “se mostrando superficial”. As restrições pela pandemia e o fechamento de empresas foram os principais fatores que dificultaram a demanda.
Por outro lado, a demanda internacional por produtos brasileiros aumentou, com alta no índice de novos pedidos para exportação pelo terceiro mês consecutivo, ainda que marginalmente.
Influenciadas pela alta nos insumos, as empresas elevaram seus preços de venda e registraram a terceira maior taxa de inflação desde o início da série histórica, há mais de 15 anos.
Segundo os fabricantes brasileiros, a escassez de matéria-prima resultou em prazos de entrega mais longos. A taxa de deterioração do desempenho dos fornecedores chegou a um nível sem precedentes no pré-pandemia.
“As empresas preveem que expansões da capacidade, investimentos, novas parcerias, publicidade e uma disponibilidade maior de vacinas contra a covid-19 ajudarão no crescimento da produção ao longo do ano. O nível geral de sentimento positivo aumentou em relação a março, e esteve acima da média de longo prazo”, diz a IHS Markit na nota.
Por Guilherme Bianchini
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