A Petrobras recebeu com “estranheza” a convocação da greve dos trabalhadores nas plataformas da Bacia de Campos, na região Norte Fluminense, como afirmou em nota ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Os petroleiros iniciaram o movimento nesta segunda-feira, 3. Em comunicado divulgado na última sexta-feira, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) acusa a empresa de ser negligente com a saúde dos funcionários embarcados e expô-los à disseminação do coronavírus.
A entidade afirma ainda, na nota, que a companhia está desrespeitando o acordo coletivo de trabalho, ao ampliar a estada dos seus empregados nas plataformas de 14 para 21 dias e também por não divulgar o número de acidentes de trabalho, que, segundo o sindicato, deveria incluir os casos de covid-19.
Em resposta, a empresa disse refutar “a acusação de desrespeito às leis ou orientações sanitárias. Todas as ações da companhia têm base em evidências científicas e determinações de autoridades sanitárias”. Segundo a estatal, ao contrário do que acusam os sindicatos de petroleiros, não há surto nas plataformas.
Relatório da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) registra 5,5 mil contaminações, acumuladas desde o início da pandemia, em unidades produtivas do setor de exploração e produção de petróleo e gás natural. Os números são relativos às operações de todas as operadoras, mas, a maior parcela se refere à Petrobras, líder de mercado no .
No último mês, 310 pessoas se contaminaram em navios e plataformas marítimas. Do início de janeiro até o início de fevereiro, foram 791. De fevereiro para março, 211. E, de março para abril, 556. Desde o princípio do ano, a agência reguladora registrou 1.868 casos de coronavírus no segmento de E&P brasileiro.
A Petrobras argumenta que possui um “rigoroso protocolo preventivo” em suas unidades marítimas e que “age rapidamente sempre que um colaborador reporta sintomas a bordo, providenciando o desembarque desse colaborador antes de qualquer confirmação de Covid-19, bem como de todos os que tiveram contato próximo com ele”.
O protocolo de prevenção da Petrobras da empresa inclui a realização de teste antes do embarque para as plataformas e a adoção da escala de 21 dias, contra a qual o sindicato protesta. Segundo a empresa, a medida foi adotada para reduzir a rotatividade e o risco de contágio nas embarcações.
Segundo a ANP, as plataformas estão operando com 73% do seu efetivo, atualmente. No início do ano, o porcentual era de 75%.
A FUP, com a greve, reivindica ainda a distribuição de máscaras de proteção do tipo PFF-2 para todos os trabalhadores. A Petrobras respondeu que o material usado por seus funcionários atende às recomendações das autoridades sanitárias e que estenderá a distribuição de máscaras PFF-2 a todos os trabalhadores das unidades operacionais, em terra e em mar.
Por Fernanda Nunes
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