O economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, Martín Rama, disse nesta quinta-feira, 29, que a crise da pandemia na região é maior do que se pensa não apenas em impacto econômico, cuja recuperação segue sendo uma “enorme incerteza”, mas também nas estatísticas de óbitos registrados durante a crise sanitária.
Durante apresentação em fórum virtual da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), o economista uruguaio chamou a atenção ao fato de o excesso de mortalidade na América Latina e Caribe – ou seja, o total de óbitos superior ao previsto pelos governos – é maior na região do que no restante do mundo.
Segundo Rama, a economia da região também sofreu o maior choque da pandemia, amargando a maior contração entre todas as regiões do mundo em 2020. Segundo ele, governos que pareciam ser mais capazes de enfrentar a crise mostraram que não tinham tantos instrumentos à disposição.
“Vemos que a crise na América Latina e Caribe é mais forte do que pensamos. Existe uma enorme incerteza sobre a recuperação”, comentou o economista-chefe do Banco Mundial na região.
Rama considerou, contudo, que a crise não deve ser apenas motivo de pessimismo sobre o futuro, mas, sim, servir de impulso a transformações que levem ao progresso econômico sustentável, sendo um indutor de reformas na região.
Citando a profusão de acordos de livre comércio na América Latina – inferiores, em quantidade, apenas aos da Europa Ocidental – e pontos como a geração de energia limpa e mais barata, bem como a digitalização da economia, o economista do Banco Mundial pontuou que algumas mudanças estruturais colocam os países da América Latina em condição melhor do que no passado para obter ganhos de produtividade e, assim, sair da crise atual.
“Os pontos negativos são bem conhecidos, como a perda de capital humano, a evasão escolar, o excesso de dívida pública e a perda de empregos. Mas, pela primeira vez, temos uma mudança estrutural”, assinalou Rama.
Por Eduardo Laguna
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