Mesmo com a recente valorização do Bitcoin, que bateu recorde ao superar a marca de US$ 64 mil nesta semana, não é tarde demais para embarcar no mercado de criptomoedas, segundo a análise de Bruno Milanello, executivo da área de investimentos da Mercado Bitcoin, corretora brasileira de criptomoedas que tem mais de 2 milhões de cliente.
Em entrevista ao Mercado News, Milanello observou que uma série de notícias recentes muito favoráveis à valorização das criptomoedas teve grande impacto nos preços, mas destaca que o potencial de valorização desses ativos no longo prazo é ainda maior.
Motivos da alta
Dentre os motivos para a recente alta dos preços dos ativos digitais, destacam-se a adesão de empresas não financeiras ao Bitcoin, dentre as quais chamam a atenção a Tesla, marca de veículos elétricos do bilionário Elon Musk, e a MicroStrategy, empresa de softwares e serviços de nuvem, além do IPO (oferta inicial de ações) da Coinbase, maior corretora de criptomoedas dos EUA, na Nasdaq, nesta semana.
Questionado sobre a possibilidade dessa adesão se tratar apenas de uma estratégia de marketing, Bruno Milanello diz não enxergar o fenômeno dessa maneira, já que quando empresas investem em um determinado ativo, não tendem a fazê-lo com a intenção de ser um investimento especulativo. O fato de que cada vez mais empresas de capital aberto aplicam seus recursos em Bitcoin, sendo que os investimentos desse tipo de companhia devem ser votados em assembleia, reforça essa análise.
“As decisões não seriam aprovadas para na semana seguinte as empresas abandonarem esses investimentos. Essas aprovações são de longo prazo, então tenho um certo grau de certeza de que se tratam de investimentos estruturais.”
Sendo assim, o executivo explica que a sustentabilidade dessa alta de preços também se apoia na visão de longo prazo de grandes investidores, e na confiança que eles trazem para o mercado como um todo. “Quando vem uma empresa como a Tesla, que adquiriu 48 mil Bitcoins, isso quer dizer que haverá 48 mil Bitcoins a menos em circulação, e a empresa vai ficar com esses ativos por, pelo menos, entre 2 e 5 anos. É isso que impulsionou tanto o preço e que tende a continuar acontecendo.”
A valorização é sustentável?
Para compreender o fenômeno atual e as possibilidades para o futuro do mercado de criptomoedas e ativos digitais, é preciso entender um pouco sobre o funcionamento desse mercado. Sendo assim, Milanello começa sua explicação tomando como exemplo o Bitcoin: “O Bitcoin é uma moeda criptografada, então ela tem uma equação matemática para contar os “blockchains” (blocos de dados) dela. Para cada bloco formado e para cada transação dentro desses blocos que é validada, os mineradores, que são computadores específicos e não pessoas, são remunerados.” Seguindo o raciocínio, ele explica que existem períodos matematicamente definidos nos quais a remuneração desses mineradores por cada bloco descoberto cai pela metade, fenômeno conhecido como “halving”.
Ainda segundo o executivo, o período que sucede esses halvings traz, historicamente, uma valorização mais acelerada do ativo. Estamos agora no período que sucede o terceiro halving, que ocorreu em maio de 2020, e a tendência ditada pela equação, e que pôde ser observada nos 2 primeiro halvings, é que a alta do preço seja mais vertiginosa nos 2 primeiros anos.
Além disso, Milanello destaca a oferta estática do Bitcoin, que torna a quantidade de Bitcoins disponíveis no mercado previsível, impossibilitando que o ativo seja corroído pela inflação, ao contrário das moedas fiduciárias. Em um período no qual bancos centrais ao redor do globo recorrem à emissão de moeda para financiar seus gastos, “as criptomoedas caem como uma luva, porque elas preservam o valor investido, até por uma questão matemática, e protegem contra a inflação“. É evidente que isso não significa que os preços desses ativos não sofrem oscilações, mas eles se tornam uma opção interessante para fugir da depreciação do papel moeda.
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