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Combustíveis pressionam inflação em todas as faixas de renda em março, diz Ipea

Alta dos combustíveis pesa no bolso de famílias de todas as faixas de renda (Foto: Freepik)

Os preços dos combustíveis exerceram a maior pressão sobre o orçamento de famílias de todas as classes de renda em março, quando houve aceleração nas taxas de inflação para todas as faixas de renda. A inflação acumulada em 12 meses, entretanto, segue muito mais elevada para as famílias mais pobres, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A taxa de inflação das famílias mais pobres (7,2%) em 12 meses segue bem acima da observada no segmento mais rico da população (4,7%). Já no acumulado do ano até março, a inflação do segmento mais rico da população (2,3%) é superior à apontada pela classe mais baixa (1,6%), repercutindo, basicamente, a desaceleração dos alimentos e a alta dos combustíveis. Os dados são do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda.

Na passagem de fevereiro para março, as maiores variações foram registradas nos segmentos de renda média (1,09%) e renda média-alta (1,08%). Já as famílias de renda muito baixa e renda baixa apresentaram o menor aumento inflacionário, com taxas de 0,71% e 0,85%, ante 0,67% e 0,80% em fevereiro.

O grupo transportes pesa mais para os mais pobres, pois além dos combustíveis mais caros (11,2%) houve reajustes de 0,11% na passagem de ônibus e de 1,84% do trem, destaca o Ipea.

Na faixa de renda mais elevada, a inflação percebida saiu de 0,98% em fevereiro para 1,00% em março. “(…) Para as famílias de renda mais alta, as deflações das passagens aéreas (-2,0%) e dos aplicativos de transporte (-3,4%) atenuaram o aumento dos combustíveis”, explicou a técnica do Ipea Maria Andréia Parente Lameiras, na Carta de Conjuntura que trata do indicador, divulgada nesta terça-feira, 13.

Em relação aos demais grupos, a segunda maior contribuição à alta da inflação das famílias mais pobres veio da habitação, repercutindo os aumentos de 5,0% do botijão de gás, de 1,1% dos artigos de limpeza e de 0,76% da energia elétrica. Já para o segmento mais rico da população, o reajuste de 0,89% da alimentação fora do domicílio explica a pressão exercida pelo grupo alimentos e bebidas.

“Deve-se ressaltar, no entanto, que, mesmo diante desse aumento dos serviços de alimentação, o desempenho dos alimentos no domicílio, que registrou, no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a primeira desaceleração (-0,17%) desde outubro de 2019, voltou a impedir um aumento ainda maior das taxas de inflação em março”, diz a carta.

O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar de até R$ 1.650,50 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 16.509,66, no caso da renda mais alta.

Por Mariana Durão

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