O dólar abriu esta segunda-feira (12) com viés de alta no mercado à vista, mas passou a cair. A moeda americana opera em linha com a tendência de baixa no exterior em meio à queda dos retornos dos Treasuries. Além disso, cautela com a inflação doméstica e a atividade econômica, após revisões na Pesquisa Focus, apoiam dúvidas sobre a calibragem da alta da Selic em maio, se será de 0,75 ponto ou 1 ponto porcentual. E uma antecipação de rolagem do vencimento de swap cambial de junho, de 182.050 contratos de swap (US$ 9,103 bilhões), que começa hoje, pode contribuir também para limitar alta, Com essa operação no mercado futuro, o Banco Central evita uma pressão de demanda maior sobre o dólar. O primeiro leilão dessa rolagem, hoje (11h30), terá oferta de até 15.000 contratos (US$ 750,0 milhões).
Mas há um pano de fundo de cautela local sobre o corte de emendas no Orçamento deste ano e ruídos políticos limitando a queda dos ativos locais, de acordo com operadores do mercado. No radar estão a abertura da CPI da pandemia no Senado, na terça-feira, e o julgamento do tema no Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira.
De acordo com esses agentes de câmbio, a tendência é de que os ministros confirmem a liminar concedida por Luís Roberto Barroso, que determinou a investigação, no Senado, principalmente após o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) ter revelado em suas redes sociais que o presidente Jair Bolsonaro o pressionou, no sábado, a ingressar com pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e também cobrou que a CPI, se instalada, trabalhe para apurar a atuação de prefeitos e governadores.
No sábado, o senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE) protocolou pedido para que a CPI da Covid-19 também apure ações dos governos de Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Além disso, com Bolsonaro sob pressão, a expectativa é de que pode aumentar o custo do apoio do Centrão ao governo para livrar o presidente da CPI e também de eventual abertura de processo de impeachment. Esse cenário tende ainda a colocar maior pressão dos parlamentares nas negociações em torno do corte de emendas no Orçamento deste ano. Bolsonaro tem até o dia 22 para definir se sanciona com vetos ou não a peça orçamentária.
Na pesquisa Focus, houve revisões para cima para estimativas do IPCA de 2021 e 2022, além aumento da projeção para Selic deste ano, ao mesmo tempo em que a do PIB recuou. A mediana para o IPCA este ano passou de alta de 4,81% para 4,85%. Há um mês, estava em 4,60%. A projeção para o índice em 2022 foi de 3,52% para 3,53%. A projeção dos economistas para a inflação está acima do centro da meta de 2021, de 3,75%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%). A taxa de câmbio para fim de 2021 subiu de R$ 5,35 para R$ 5,37 e, para 2022, permaneceu em R$ 5,25.
Às 9h36 desta segunda, o dólar à vista caía 0,48%, a R$ 5,6475. O dólar futuro para maio recuava 0,62%, a R$ 5,6550.
Por Silvana Rocha
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