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Taxas de juros caem com melhora do apetite ao risco no exterior e sinais do BC

Taxas terminaram em baixa, após subirem fortemente desde a última sexta-feira (Foto: Ahmad Ardity/Pixabay)

O mercado de juros conseguiu algum respiro nesta quinta-feira, com as taxas terminando em baixa, após subirem fortemente desde a última sexta-feira. O noticiário da pandemia continua mantendo o risco fiscal e político elevados, mas alguns fatores nesta quinta conseguiram se contrapor, entre eles a melhora do apetite pelo risco no exterior, o leilão muito pequeno do Tesouro e a leitura das entrevistas do presidente e do diretor de Política Econômica do Banco Central, Roberto Campos Neto e Fábio Kanczuk, pela ordem, após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) deste mês ficou abaixo da mediana das estimativas, mas por outro lado trouxe abertura considerada negativa.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 caiu de 4,741% para 4,665% e a do DI para janeiro de 2025, de 8,156% para 8,05%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 8,67%, de 8,70%.

Ainda que no fechamento as variações tenham sido pequenas perto do nível de inclinação da curva, ao longo do dia o mercado enfrentou alguma volatilidade. Pela manhã, as taxas davam sequência à trajetória de alta pressionadas pelo alerta, na quarta, do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), segundo o qual o Legislativo não tolerará novos erros no enfrentamento da pandemia e que “os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos; alguns, fatais”. No começo da tarde, o presidente Jair Bolsonaro disse ter conversado com Lira e que não há nenhum problema entre os dois. “Nunca teve nada errado entre nós. Sou velho amigo de Parlamento”, disse.

Com o aparente corte de arestas, o mercado se acalmou, também porque o dólar engatou sequência de mínimas, levando as taxas futuras a recuarem mais de 10 pontos no trecho longo, mas depois desaceleraram o ritmo de queda dado que a moeda americana voltou a subir ante o real.

Vinicius Alves, estrategista da Tullett Prebon, relaciona o alívio nas taxas curtas à leitura das declarações de Campos Neto e Kanczuk. “Reforçaram que a normalização da Selic não chegará no nível neutro”, destacou. Ou seja, o ciclo de aperto pode ser menor do que o mercado está precificando, com Selic acima de 6% no fim do ano.

O presidente do BC afirmou que não está no horizonte de curto prazo do BC a normalização total da taxa em direção ao nível neutro. “Se a normalização é parcial, significa que nós não entendemos que esse movimento deva acontecer (na íntegra) agora”, afirmou. Campos Neto negou categoricamente que o BC estivesse atrás da curva. “Não.”

O leilão pequeno do Tesouro contribuiu ao não adicionar estresse. A instituição ofertou apenas 150 mil LTN, ante 2,050 milhões na semana passada, vendendo todo o lote. O interesse pelas NTN-F, diante do contexto turbulento em termos fiscais e políticos, mais uma vez foi fraco.

O IPCA-15 de março subiu 0,93%, abaixo da mediana das estimativas (0,96%), o que não serviu de consolo pois a abertura foi considerada ruim. O indicador de difusão atingiu a marca de 65,7%, de 62,4% em fevereiro, de acordo com a Asa Investments.

Por Denise Abarca

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