Após levantar quase R$ 2,4 bilhões em um follow-on (oferta subsequente de ações) no início de fevereiro, a Locaweb (LWSA3) pretende seguir buscando empresas para agregar ao seu ecossistema de e-commerce, atendendo pequenas e médias empresas que buscam a digitalização – acelerada pela pandemia de Covid-19. “Analisamos companhias o tempo todo, então tem muita empresa no radar. Há muitos ativos interessantes que estamos conversando”, disse Rafael Chamas, CFO da empresa de tecnologia, ao Mercado News.
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Contando atualmente com 11 aquisições na história da empresa, o executivo não dá pistas sobre os próximos alvos, mas revela que busca companhias que complementem a jornada para o cliente no ecossistema de e-commerce. Desde plataforma, site, antecipação de recebíveis até a logística de entregas, o objetivo da Locaweb é fazer com que as PMEs (pequenas e médias empresas) vendam mais. “O M&A [fusões e aquisições] para nós é uma coisa viva. Temos uma disciplina e uma rotina gigantesca de acompanhamento de companhias, então toda quinta-feira se reúne o comitê de M&A da Locaweb.”
A estratégia de expansão por meio de aquisições, juntamente com o crescimento e o potencial do mercado de e-commerce no Brasil, permeiam a valorização de cerca de 600% da ação da Locaweb desde o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), em fevereiro de 2020 – pouco mais de um ano atrás. “É impressionante a quantidade desses novos gestores que nos procuram: há um interesse crescente. Não há uma semana que eu não receba 2 ou 3 investidores novos que estejam estudando a fundo nosso caso”, afirmou Chamas.
A seguir, leia a entrevista com Rafael Chamas, CFO da Locaweb:
A que a Locaweb atribui a forte valorização das ações desde o IPO?
A Locaweb tem sido muito consistente no planejamento estratégico e na entrega de resultados. Quando fizemos nosso processo de abertura de capital, fomos muito transparentes com o mercado sobre quais eram os objetivos, quais eram as possibilidades de crescimento, onde estavam as grandes oportunidades, quais eram as expectativas por meio das expansões orgânica e inorgânica. Houve uma comunicação muito transparente. Os resultados que entregamos neste primeiro ano foram acima do que o mercado esperava, porque tem uma execução muito primorosa.
Tem um segundo ponto que tem a ver com aquilo que fez com que a Locaweb buscasse o mercado de capitais: o M&A. Houve uma estratégia muito rápida de execução de aquisições muito sinérgicas que transformam a Locaweb no maior ecossistema para e-commerce no Brasil para PME.
E aí entra o terceiro fator que é o que o mercado de e-commerce se tornou. Já era um mercado de alta relevância, de alto crescimento, a Locaweb já vinha crescendo muito, mas com tudo que a gente conseguiu fazer até agora, e também as mudanças comportamentais que foram trazidas para o Brasil tardiamente – eu digo tardiamente, porque o Brasil ainda é um país muito pouco penetrado em e-commerce, ainda vemos taxas muito abaixo do que temos em países mais desenvolvidos. Neste mercado, ninguém tem tido a performance que temos e, principalmente, construído um ecossistema de plataforma de soluções que nós temos.
Então eu entendo que o mercado viu uma ótima execução tática e estratégia e tudo isso junto contribui para ver como as ações performaram tão bem.
Como tem sido a interação com investidores neste início de jornada na Bolsa?
Temos tido uma postura muito participativa, muito próxima do mercado, no sentido de educação mesmo. Já existiam algumas empresas de tech na Bolsa brasileira, mas nenhuma com o modelo de negócios da Locaweb. O que eu tenho percebido é que, nesse último ano, é impressionante a quantidade desses novos gestores que nos procuram: há um interesse crescente. Não há uma semana que eu não receba 2 ou 3 investidores novos que estejam estudando a fundo nosso caso. Então, sem sombra de dúvidas, a performance da companhia e o fato de ter sido destravada a ideia de que é possível uma empresa de tecnologia fazer um IPO local tem aumentado o interesse dos investidores locais.
Quando fizemos o IPO existia quase que um paradigma de que empresa de tech de alto crescimento não faz IPO no Brasil. Nós provamos que é o contrário. Aqui se atrai ótimos investidores estrangeiros, ótimos investidores institucionais de tecnologia e investidores locais.
Qual é o objetivo da empresa com o desdobramento de ações?
A gente já estava com a ação a mais R$ 100, então, pelo lote mínimo do Ibovespa, isso acaba restringindo um pouco o acesso de pessoa física. Mas atrelado ao desdobramento, que é o grande ponto, foi o follow on [oferta subsequente de ações]. Fizemos uma captação bastante relevante de quase R$ 2,4 bilhões (oferta primária) na companhia e o motivo dessa captação foi essencialmente de continuar com nossa estratégia de expansão por meio de aquisição. A Locaweb, desde o IPO, fez várias aquisições. Nós adquirimos boas companhias que fortaleceram muito o nosso ecossistema, mas tem espaço para mais. A montagem do nosso ecossistema tem alguns setores estratégicos que podemos continuar investindo em M&A. Para a Locaweb, a estratégia de M&A acaba trazendo grandes talentos, grandes fundadores, pessoas que são referências no mercado digital e grandes times que melhoram nossa solução. Então, para nós, continuar fazendo M&A é uma coisa muito óbvia, aprendemos a fazer M&A muito bem, aprendemos a integrar companhias muito bem, a Locaweb já tem 11 aquisições na história. A captação em si é para continuar com nosso crescimento por meio de aquisições.
Em qual estágio se encontra essa estratégia de M&A da Locaweb?
O M&A para nós é uma coisa viva. Temos uma disciplina e uma rotina gigantesca de acompanhamento de companhias, então toda quinta-feira se reúne o comitê de M&A da Locaweb, em que participamos eu, o CEO da companhia e 2 dos conselheiros que são fundadores da empresa. Analisamos companhias o tempo todo, então tem muita empresa no radar. O que eu posso dizer é que há muitos ativos interessantes que estamos conversando. O tipo de ativo interessante que estamos conversando são os ativos que complementem nossa jornada para o cliente no ecossistema do e-commerce, seja por expansão dessa jornada por setores que posso alavancar por meio de cross-sell, ou companhias que me consolidam no setor que já estou presente.
Desde sua fundação, a Locaweb é uma companhia de assinaturas. Nosso modelo é de receita recorrente, então só compramos companhias de receita recorrente. Qualidade de produto é uma coisa extremamente relevante, nosso perfil de cliente é PME, então um produto muito bem resolvido, muito bem montado, de fácil uso é fundamental. E toda companhia que a gente compra precisa ter alta capacidade de cross-sell. Por fim, fundador: em todas as 11 aquisições que a Locaweb fez até hoje, não perdemos nenhum fundador.
Aprendemos a comprar essas empresas e integrá-las no nosso ecossistema de uma forma que garante ao empreendedor que ele continue à frente do negócio dele, que continue com autonomia. Só compramos empresas com empreendedores brilhantes, pessoas referências no que estamos comprando e que tenham vontade de ficar com a gente no longo prazo.
A Locaweb está em conversas para comprar a RD Station? O que se pode falar a respeito?
A Locaweb olha ativos no mercado o tempo todo. Qualquer tipo de companhia que faça sentido para a digitalização pode ser um bom ativo para a Locaweb, tendo preenchido todos aqueles pré-requisitos que eu disse. Não vou falar de RD, mas vou falar de M&A. A Locaweb está o tempo todo olhando bons ativos e boas oportunidades, se for uma oportunidade que entendemos que é rentável, vamos fazer. Qualquer aquisição que fizermos é porque temos convicção que aqui dentro de casa o retorno que vou entregar para o nosso acionista é muito relevante.
As empresas estão em processo de digitalização por conta do “novo normal”, com o isolamento social. Quais são as perspectivas da Locaweb para solucionar essa dor?
A missão da Locaweb, desde o começo, é fazer empresas nascerem e prosperarem por meio da tecnologia. Lidamos com empresas pequenas e médias e queremos ajudá-las a se impulsionarem por meio do mundo digital.
A Locaweb permite que uma empresa se torne digital por muitos caminhos: é uma plataforma de e-commerce, é um site, é um aplicativo, é por gestão de rede social. A segunda parte é o que chamo de ecossistema, entregamos ferramentas que lhe ajudam a ser ainda mais bem sucedido na jornada do cliente, como marketing digital, com integração, solução de pagamento. Quando ele monta a loja dele, já é capaz de vender. É permitido ao cliente antecipar o recebível, então ajuda o capital de giro. Acabei de comprar uma companhia para ofertar crédito a esses clientes menores. Tem plataforma de logística super robusta que resolve as maiores dores do e-commerce, principalmente no PME. Imagina que tenho quase R$ 10 bilhões de GMV [valor bruto de mercadorias, em inglês] no ecossistema da Locaweb, então consigo uma escala de negociação com plataformas logísticas com preços muito menores.
O que a Locaweb espera de 2021, quais são os principais objetivos neste ano?
Sem sombra de dúvidas, crescer muito. Crescer de forma rentável, disciplinada, cuidando muito bem daquilo que a Locaweb sempre fez. Ser uma empresa geradora de caixa, rentável, mas surfando o crescimento que esse mercado nos propicia com tudo que adquirimos. A Locaweb já vem crescendo 92% no GMV organicamente no ano passado, e esse crescimento continua para o ano que vem, mas acelerado pelas aquisições que fizemos e ainda nem começamos a capturar sinergia delas.
Não temos dúvidas que 2021 vai ser um ano ainda melhor do que 2020 para a Locaweb.
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