De saída do comando do maior banco da América Latina, o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, considera “pobres” os resultados da atuação brasileira na proteção da Amazônia. A falta de progresso nessa área faz com que o mundo, na sua visão, mantenha uma postura “muito crítica” em relação ao Brasil, e ainda afasta potenciais investidores.
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“A percepção internacional em relação à atuação brasileira na proteção da Amazônia não é boa. Independentemente da maneira como se julguem os esforços realizados, o fato é que os resultados têm sido muito pobres”, avalia Bracher, em comentário ao Estadão/Broadcast, no âmbito do Fórum Econômico Mundial de Davos, que este ano está sendo realizado virtualmente por conta da pandemia.
O executivo não quis responder questões sobre outros temas como macroeconomia, política e quanto ao fim do seu mandato à frente do Itaú. Concordou, porém, em comentar sobre às relacionadas ao meio ambiente e proteção da Amazônia, temas centrais do fórum de Davos.
Em meio às críticas do mundo para o Brasil sobre a ausência de uma agenda ambiental, o vice-presidente, Hamilton Mourão, assumiu o cargo de interlocutor em uma tentativa de reverter esse quadro e atrair apoio ao Brasil. Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, ele foi o nome de maior peso do governo brasileiro, representando o presidente Jair Bolsonaro na edição deste ano do Fórum de Davos, que terminou ontem após cinco dias de debates.
No painel “Financiando a transição da Amazônia para uma bioeconomia sustentável”, falou sobre a importância da atuação público-privada e disse que os investimentos internacionais são fundamentais para iniciativas prosperarem na Amazônia. “Independentemente da maneira como se julguem os esforços realizados, o fato é que os resultados (da atuação do Brasil na proteção da Amazônia) têm sido muito pobres. E isso fornece combustível para uma postura muito crítica em relação ao Brasil, inclusive entre os investidores interessados em trazer seus recursos para o País”, avalia Bracher.
A boa notícia, na sua opinião, é a de que o Brasil tem todas as condições para virar esse jogo. “Eu insisto que a proteção da Amazônia é uma questão do Estado fundamental para o futuro do Brasil e que é necessária uma atenção muito maior do governo e da sociedade para o tema.”
De acordo com ele, a atuação do Itaú na proteção da Amazônia, que ganhou impulso em meio à pandemia, deve ser algo permanente. No ano passado, a instituição se uniu aos rivais Bradesco e Santander Brasil para apoiar a região, o que deu origem à estruturação de um conselho consultivo e o estabelecimento de dez metas.
“Com a ajuda dos especialistas do conselho consultivo do Plano Amazônia, os três bancos têm aprendido muito sobre as complexidades envolvidas na proteção da região. Na prática, já avançamos na elaboração de uma política que define os critérios para o financiamento da cadeia da carne na região, de modo a desestimular o desmatamento ilegal”, conta Bracher.
Os bancos também avançaram no financiamento das culturas sustentáveis, cujos valores, de acordo com o executivo, começarão a ser desembolsados ainda no começo deste ano. O executivo, porém, não citou valores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Aline Bronzati
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