As ações de startups de tecnologia na B3 se consolidam como resilientes contra as incertezas relacionadas à segunda onda de Covid-19, dando uma goleada no Ibovespa, em meio ao interesse por empresas da chamada “nova economia”.
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Papéis de empresas como Méliuz (CASH3), Enjoei (ENJU3), Neogrid (NGRD3) e Locaweb (LWSA3) já acumulam ganhos de até 3 dígitos no recém-começado 2021 – ante desvalorização de 1,4% do principal índice da Bolsa brasileira -, conquistando investidores atentos à digitalização acelerada pela pandemia.
Essa migração de investimentos para empresas de crescimento (growth) na Bolsa, boa parte ligada ao e-commerce, simultaneamente à saída de empresas com geração de caixa mais madura (value), foi a tônica de 2020. Entre novembro e dezembro, no entanto, a rotação mudou, com a perspetiva de fim do isolamento social impulsionando as “blue chips tradicionais” de siderurgia e mineração. Agora, com os receios de lentidão da imunização no Brasil e ameaça de novas restrições de circulação diante da piora da pandemia, as empresas de growth do “fique em casa” retomam os holofotes.
FOMO e ESG
O cenário, assim, favorece o início de jornada das startups de tecnologia na B3, que convivem entre o entusiasmo pela inovação e a falta de clareza sobre o futuro em termos de monetização de clientes. Enquanto isso, a própria disparada das ações por si só acaba atraindo mais investidores.
É o clássico “fear of missing out” (FOMO, o medo de ficar de fora), que consiste em uma situação na qual há a tentação de pegar carona em ativos que estão voando alto. Além disso, muitos novos investidores pessoa física na B3 foram seduzidos por teses que multiplicaram de valor em alguns anos, como o exemplo de Magazine Luiza (MGLU3).
“Não podemos ignorar o fator comportamental e psicológico que afeta os investidores, o medo de perder a próxima Amazon (AMZO34) ou Magazine Luiza e faz com que os investidores pessoas físicas acabem entrando numa disputa de preço por essas empresas”, observa Flávio Duarte, sócio-gestor de portfólio da Pandhora Investimentos, gestora de fundos de investimento quantitativos.
Participantes do mercado também costumam relacionar as empresas da “nova economia” com o crescente interesse por ESG (melhores práticas em meio ambiente, social e governança).
Para Humberto Matsuda, coordenador do comitê de venture capital da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), características da própria indústria de venture capital estão por trás da valorização das startups na B3. “Um dos motivos é a maior governança que traz valor agregado por fundos de venture capital e private equity. Diversos estudos confirmam que empresas que recebem esses investimentos estão mais preparadas para se relacionar com os investidores e apresentam um retorno melhor na Bolsa de Valores pós-IPO do que as não investidas”, afirma.
Méliuz +120%
As ações da empresa de cashbak e cupons de desconto Méliuz, cujo IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) em dezembro é considerado a estreia das startups na Bolsa brasileira, acumulam ganhos de 120% desde o início de 2021. Os ganhos aceleraram desde a divulgação de dados operacionais que mostraram abertura de 5 milhões de novas contas ao longo de 2020.
O papel é um dos Top Picks do BTG Pactual para o ano. Os analistas recomendam “compra”, enfatizando a tecnologia e a cultura empreendedora da administração da companhia.
Enjoei +30%
As ações do marketplace de venda de itens usados Enjoei.com já subiram 30% neste início de 2021. Nesta semana, a empresa e a C&A Modas (CEAB3) anunciaram uma parceria comercial e o lançamento da campanha “Novo de novo”.
Na visão dos analistas da Guide Investimentos, a Enjoei consegue tornar a moda mais sustentável dando sequência ao ciclo de vida de uma peça de roupa. “As parcerias que a empresa vem realizando contribuem para aumentar o fluxo nas lojas das varejistas, além do número de clientes ativos em sua plataforma.”
Neogrid +65%
Os papéis da empresa de tecnologia que fornece soluções de abastecimento de produtos Neogrid já acumulam valorização de 65% em 2021. A empresa captou R$ 486,5 milhões em oferta primária em dezembro e pretende investir em fusões e aquisições e marketing.
Locaweb +40%
As ações da empresa de tecnologia Locaweb prosseguem em alta e já avançaram 40% em 2021. A companhia concluiu a aquisição da Vindi, plataforma de gestão de assinaturas e pagamentos recorrentes no Brasil, e da Social Miner, empresa que oferece plataformas de e-commerce para varejistas. Além disso, estaria interessada na aquisição da RD Station, startup líder do segmento de marketing digital.
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