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Juros futuros sobem, em meio a debate fiscal no Brasil e nos EUA

(Foto: Ahmad Ardity/Pixabay)

A pressão fiscal doméstica se juntou, nos minutos finais do pregão regular, à chance de os estímulos americanos serem menores do que o precificado pelo mercado, embora Joe Biden tenha dito o contrário, levando a um movimento de alta dos juros futuros nesta sexta-feira. Assim, a curva ganhou inclinação em relação ao encerramento da semana passada, com o diferencial entre os contratos de janeiro 2022 e 2027 passando de 355 pontos no dia 30 a 390 pontos nesta sexta-feira.

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A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2022 passou de 3,035% na quinta-feira a 3,125% nesta sexta (regular) e 3,135% (estendida). O janeiro 2023 foi de 4,621% a 4,680% (regular) e 4,675%(estendida). O janeiro 2025 avançou de 6,184% a 6,260% (regular) e 6,230% (estendida). E o janeiro 2027 subiu de 6,963% a 7,030% (regular) e 7,010% (estendida).

As exibidas no fechamento destoaram do movimento da manhã no mercado de juros, acompanhando o dólar e a produção industrial levemente inferior ao consenso. Mas o movimento não se sustentou, em meio ao noticiário político local e externo.

Primeiro, no fim da manhã, o candidato à Presidência da Câmara Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), elogiou a votação rápida do auxílio emergencial no ano passado. Foi uma fala protocolar, típica de quem está em campanha. Só que os investidores não gostaram do tom, pois esperavam, nas palavras de um profissional do mercado, uma “mensagem mais dura” no compromisso fiscal.

Essa mensagem até veio, horas depois, pelo Twitter. “Quero reforçar o que disse no lançamento de minha candidatura: temos que olhar nossa pauta com responsabilidade fiscal. A pandemia ainda não acabou. Qualquer discussão sobre o auxílio emergencial passa, necessariamente, pelo cuidado com as contas públicas”, escreveu o deputado. Os juros até passaram por um movimento de correção pontual, mas, como pontuou o operador antes mencionado, “o estrago já foi feito”.

Mas o impasse político com temas fiscais não ficou restrito ao Brasil nesta sexta. O senador democrata Joe Manchin se posicionou contra a ampliação do auxílio financeiro individual nos Estados Unidos, mostrando que mais estímulos ainda não são consenso no partido que agora comandará Senado e Câmara.

Minutos depois, o presidente americano eleito, Joe Biden, contemporizou e argumentou que os números do payroll nesta sexta cedo mostram que é necessária mais ajuda fiscal no país. Mais uma vez, o mercado ficou refém da “gangorra” dos headlines políticos.

Há de se pontuar ainda que houve abertura das taxas de juros nos Estados Unidos nesta semana, em meio à aposta de crescimento e inflação mais forte no médio prazo. O juro da T-note de 10 anos voltou ao nível de 1%, o que não ocorria desde março.

Para a semana que vem, além da política, o mercado vai monitorar, internamente, os números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro e de 2020 (terça-feira) e os resultados de novembro do setor de serviços (quarta-feira) e varejo (sexta-feira). No exterior, a semana traz os dados da balança comercial da China (sem data definida) e a inflação ao consumidor nos EUA (quarta-feira).

Por Mateus Fagundes

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