O ano que termina entrou para a história do mercado de capitais brasileiro. Apesar da pandemia, as ofertas de ações – que reúnem as empresas que estrearam na Bolsa e novas emissões (follow-on) – bateram recorde: somaram R$117 bilhões, com 28 aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês). Mas, para 2021, os bancos de investimento esperam uma safra ainda maior, com as ofertas de R$ 140 bilhões e, ao menos, 40 IPOs.
As operações têm sido impulsionadas pelos juros na mínima histórica, que têm levado os investidores a buscar mais risco, atrás de rentabilidade. Com isso, muitos trocaram a renda fixa pela variável (como ações), em um movimento reforçado pelo maior acesso às plataformas digitais.
Diante desse cenário, na outra ponta, mais empresas se viram impelidas a abrir o capital para ter acesso a essa forma de financiamento. E as que já estão listadas aproveitaram a liquidez do mercado para reforçar o caixa com novas ofertas.
Na fila de IPOs, o perfil das candidatas é diverso. Vai de grandes companhias, dispostas a levantar as chamadas ofertas “jumbo”, até empresas menores, algumas delas vindas de setores que ainda não estão na Bolsa
Dentre mais aguardadas, está a abertura de capital da subsidiária de mineração da CSN, programada para movimentar R$ 8 bilhões. O Grupo Big e o banco BV também fazem parte da lista.
Nas operações de menor porte há marcas como Westwing (e-commerce de decoração), Mobly (de móveis) e o Grupo Cortel, do setor funerário.
O chefe global do banco de investimento do Itaú BBA, Roderick Greenless, comenta que a forte carteira de ofertas para o início do ano reflete o cenário de mercado de 2020. “As empresas ganharam confiança para fazer o protocolo e ficou uma demanda reprimida”, diz o executivo.
A estimativa do Itaú BBA é de 50 a 70 ofertas em 2021, que podem movimentar, juntas, de R$ 110 bilhões a R$ 140 bilhões.
O diretor executivo do Bradesco BBI, Felipe Thut, reforça a percepção de um ano forte de operações. “Temos uma carteira hoje do tamanho do que foi todo o mercado neste ano.”
Para Fábio Nazari, chefe do mercado de capitais de renda variável do BTG Pactual, apesar de muito movimentado, 2021 deve ser marcado por um “menor senso de urgência de captação por parte das companhias”.
Neste ano, com receio dos efeitos da pandemia, muitas empresas listadas lançaram ofertas para fortalecer o caixa. “Em 2021, talvez as ofertas subsequentes não tenham a mesma relevância”, diz.
Por outro lado, o número de IPOs tende a crescer. Neste ano, a B3 bateu recorde no volume de emissões: R$ 117 bilhões, ante R$ 90 bilhões em 2019. O total de estreantes, 28, não é visto desde 2007, último boom de ofertas de ações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Fernanda Guimarães
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