O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai anunciar nesta quarta-feira, 23, o apoio à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) para sua sucessão, em fevereiro de 2021. A escolha foi marcada por disputas internas e até mesmo por dissidências no grupo de Maia, que demorou para definir o candidato.
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Maia conseguiu formar um bloco com 11 partidos, que também reúne siglas de esquerda, com o mote da união contra Bolsonaro e seu candidato, o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), apesar das divergências nos rumos da economia. Estão no grupo partidos com ideologias opostas, como PT e PSL – que lançou Bolsonaro, em 2018 – DEM, MDB, PSDB, Cidadania, PV, PSB, PDT, PC do B e Rede.
O presidente da Câmara tem procurado associar o bloco à defesa da independência da Casa em contraposição ao que chama de “agenda retrógrada” de Bolsonaro.
“Enquanto alguns buscam corroer e lutam para fechar nossas instituições, nós aqui lutamos para valorizá-las. Enquanto uns cultivam o sonho torpe do autoritarismo, nós fazemos a vigília da liberdade. Enquanto uns se encontram nas trevas, nós celebramos a luz”, dizia trecho do manifesto de lançamento do bloco, no último dia 18. “Essa não é a eleição entre o candidato A ou candidato B. É a eleição entre ser livre e subserviente”.
O PT havia ameaçado vetar Baleia Rossi, presidente do MDB, mas voltou atrás. Dirigentes e parlamentares petistas lembravam da proximidade de Rossi com o ex-presidente Michel Temer e alguns avaliaram até mesmo que ele havia ajudado a “articular” o impeachment de Dilma Rousseff.
Adversários de Maia observaram que tanto o deputado Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB) quanto Baleia votam da mesma forma na maioria das pautas na Câmara. De acordo com dados da Inteligov, plataforma de monitoramento legislativo, o alinhamento entre os dois foi de 90% em 558 votações nas quais os dois estiveram, desde 2015.
O movimento por uma “solução casada”, na Câmara e no Senado, para partidos que tentam se apresentar como contraponto ao presidente Jair Bolsonaro também pesou para a opção por Rossi, que preside o MDB.
Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a possibilidade de reeleição de Maia e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), no último dia 6, a cúpula do DEM intensificou as negociações. A ideia é formar uma aliança que mantenha a legenda no comando de uma Casa e lhe dê protagonismo na montagem de uma frente de centro-direita, na eleição presidencial de 2022.
No Senado, o candidato apoiado por Alcolumbre é Rodrigo Pacheco (MG), líder do DEM. Com a estratégia de avalizar Rossi na Câmara, o DEM espera que o MDB respalde a campanha de Pacheco no Senado. O problema é que a bancada do MDB – a maior do Senado, com 13 integrantes – decidiu apresentar chapa própria e tem quatro pré-candidatos à cadeira de Alcolumbre. Os candidatos Fernando Bezerra Coelho, líder do governo no Senado, Eduardo Gomes, líder do governo no Congresso, e Eduardo Braga, líder do MDB, são nomes bem vistos por Bolsonaro. Já a senadora Simone Tebet corre por fora.
Na Câmara, o embate ficou ainda mais acirrado porque Bolsonaro decidiu patrocinar a campanha do deputado Arthur Lira.
Para se contrapor a Lira, Maia queria rachar o Progressistas e indicar o deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), mas sofreu resistências internas. Integrantes da bancada do MDB disseram que, se o candidato não fosse Rossi, despejariam votos em Lira.
Por Daniel Weterman
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