O mercado financeiro brasileiro caminha para um cenário de instituições mais nichadas, com maior especialização na prestação de serviços e oferta de produtos. Nesta tendência, as corretoras devem ultrapassar os bancos na custódia de investimentos de pessoas físicas, nos segmentos varejo, alta renda e private, segundo estudo da AAWZ, consultoria que presta serviços para assessorias de investimentos.
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O estudo projeta que, em 2022, as 5 maiores plataformas de investimentos do Brasil (XP, BTG, Genial, Guide, Easynvest e Modalmais) concentrarão 46,1% do mercado de investimentos de pessoas físicas, que, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), reúne R$ 3,4 trilhões em aplicações financeiras, contra 40,8% nos 5 maiores bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Caixa). A projeção para 2025 é ainda mais animadora para as corretoras, estimando que elas irão deter fatia de 55,8% das aplicações, enquanto os bancos tradicionais ficarão com 33,5%. É importante ressaltar que o estudo não levou em consideração aplicações em previdência complementar e investimentos de pessoa jurídica.
Em entrevista ao Mercado News, Filipe Medeiros, CEO da AAWZ, falou sobre as projeções para o setor e sobre a diferenciação entre as estratégias dos segmentos varejo e alta renda ou private.
Alta renda
Na alta renda e private, o CEO da AAWZ destaca o cenário de empreendedorismo, no qual os gerentes de agências bancárias estão deixando as instituições tradicionais em busca de maior autonomia. “Esses profissionais que atendiam esses clientes (alta renda e private) estão saindo dessas agências e montando suas assessorias, então virando empreendedores.”
Na visão de Medeiros, mesmo com a força dos bancos, as corretoras já estão melhor posicionadas: “vemos que já existem mais assessores do que gerentes no Brasil”. “No segmento alta renda e private, excluindo previdência e pessoa jurídica, a XP já é tão grande quanto o Itaú”, diz.
Atender os profissionais de bancos interessados em empreender requer investimentos para atrair gente e tecnologia. “A XP, no terceiro trimestre, investiu aproximadamente R$ 1 bilhão nos escritórios que estão vinculados a ela e tem mais R$ 1 bilhão em contas a pagar que serão pagas de acordo com o atingimento de metas”, afirma o executivo, citando também BTG e Safra como instituições que também estão realizando elevados investimentos.
Cenário
A liquidez elevada é o fator por trás do crescimento do mercado financeiro no Brasil. O CEO da AAWZ avalia que mesmo uma alta moderada do juro básico em 2021 (até 3% ao ano) não deve influenciar nessa transformação do perfil do mercado de investimentos.
Com a Selic em 2% e a inflação crescendo nos últimos meses, a perspectiva é de que o Banco Central abandone o “forward guidance”, instrumento de política monetária que funciona como uma prescrição para a economia, e assim a Selic pode voltar a ter alta moderada.
Em suma, a nova conjuntura indica um mercado dividido em nichos, no qual os bancos focarão em crédito, prestação de serviços bancários e oferta de outros produtos, como seguros, enquanto as corretoras seguirão se especializando na área de investimentos.
Varejo
No caso do cliente de varejo, Medeiros comenta que a competição entre bancos tradicionais e novos players deve acontecer via digital, marketing de conteúdo, internet e redes sociais, com o objetivo de atrair o cliente com potencial de investimento de até R$ 150 mil. “Esse mercado é um mercado de R$ 1 trilhão, e é um mercado em que vai se sair melhor quem conseguir atender o cliente pelo menor custo e com a maior qualidade possível”, comenta.
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