Apesar do cenário econômico desafiador, o leilão de linhas de transmissão marcado para esta quinta-feira (17), que ofertará 11 lotes de concessões em 9 Estados, deverá ter a presença de grandes investidores do setor elétrico. Segundo fontes, o consenso é de que o risco no segmento é baixo e, além disso, há alternativas de financiamento de longo prazo para os projetos. Entre as empresas interessadas no evento, que acontecerá na B3, em São Paulo, estão gigantes como Neoenergia (NEOE3), Engie (EGIE3), EDP Brasil (ENBR3), Alupar (ALUP11), Equatorial (EQTL3), Taesa (TAEE11), Isa Cteep (TRPL4), CPFL (CPFE3) e Eletrobras (ELET6).
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A estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com o leilão é de um movimento R$ 7,34 bilhões. Para o presidente da agência, André Pepitone, a participação das empresas está ligada à expectativa de retomada da economia em 2021. “O futuro é de recuperação, de investimentos e criação de empregos”, disse ele, durante evento promovido na terça-feira pela Enel Green Power.
As regras adotadas pela Aneel este ano proíbem a troca do controle da concessionária de transmissão antes do início da operação comercial – o que impede a participação de construtoras no certame. Até aqui, era comum que empreiteiras arrematassem ativos para depois revendê-los com lucro.
Na visão de analistas de mercado e de bancos de investimento, as companhias devem buscar ativos com sinergias com empreendimentos já existentes. É o caso da Eletrobrás, que já manifestou interesse por uma linha de transmissão na região Norte, na qual a subsidiária Amazonas GT já possui um trecho. “A vantagem é que o investimento já está feito”, disse o presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior.
No entanto, segundo relatório do banco Credit Suisse, este leilão também será marcado pelo pequeno espaço para obtenção de retornos, o que pode limitar o valor dos lances. O presidente da Neoenergia, Mário Ruiz-Tagle, disse recentemente que o apetite da companhia para este leilão depende do cumprimento da disciplina de alocação de capital da companhia. A exemplo da Eletrobrás, a companhia deve se concentrar em lotes específicos, conectados às operações atuais.
A Taesa também já afirmou que a rentabilidade será o nome do jogo. “Estamos na fase de estudos dos lotes desde que recebemos a minuta de edital e vamos nos concentrar naqueles que fizeram sentido em termos de competitividade e lucratividade”, disse recentemente o diretor de negócios, gestão de participações e de implantação da Taesa, Marcus Vinícius.
Essa cautela do setor, aponta relatório do banco Brasil Plural, é decorrente das incertezas macroeconômicas, que trazem volatilidade às taxas de juros de longo prazo – o que pode fazer com que a disputa por ativos seja mais discreta do que em leilões anteriores. Embora a instituição financeira veja uma tendência de lances mais conservadores, o relatório afirma que a Taesa e a Engie, podem investir mais fortemente em ativos em São Paulo e no Rio Grande do Sul, respectivamente.
Do ponto de vista de crédito, a agência de classificação de riscos Moodys, acredita que os novos projetos serão financiados essencialmente pelo mercado local, beneficiando-se das taxas de juros baixas e da disponibilidade de recursos de longo prazo. “O bom acesso aos mercados de dívida é apoiado pela previsibilidade do setor e pelos fluxos de caixa estáveis e a percepção de riscos de crédito reduzidos”, diz a Moodys.
Ativos
Os 11 blocos a serem licitados incluem a contratação de 1.958 quilômetros de novas linhas de transmissão. As oportunidades estão distribuídas em todas as regiões do Brasil, nos seguintes Estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo. Os lotes serão leiloados em três blocos, com início respectivamente às 9h (lotes 1, 9 e 10), 10h30 (lotes 2, 3, 4 e 5) e 11h30 (lotes 6, 7, 8 e 11). (Colaborou Luciana Collet)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Wilian Miron
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