Os juros futuros fecharam o dia em queda, mais pronunciada nos vencimentos do miolo da curva, a despeito da alta do dólar, da menor propensão ao risco no exterior e da informação de que o relatório da PEC Emergencial ficou para 2021. O comunicado do Copom ainda teve efeitos sobre a curva, mas, segundo operadores, o principal vetor para os negócios hoje foi mesmo a perspectiva de continuidade de entrada de fluxo de estrangeiros para a renda fixa, que ontem teria tido grande participação no sucesso do leilão do Tesouro, apoiada também na aposta de liquidez global farta.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a regular em 3,025% e a estendida em 3,00%, de 3,084% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 4,465% para 4,33% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou a regular com taxa de 5,89% e a estendida em 5,90%, menor nível desde 9 de setembro (5,79%), de 6,034% ontem. O DI para janeiro de 2027 fechou em 6,72% (regular) e 6,74% (estendida), de 6,833% ontem. A inclinação medida pelo diferencial entre os vencimentos de janeiro de 2022 e janeiro de 2027 fechou hoje em 374 pontos-base, de 383 pontos na sexta-feira passada.
O recuo dos juros longos, mais sensíveis ao risco político, ontem em tese abriria espaço para uma recomposição de prêmios nesta sexta a partir da informação de que o relator da PEC, Márcio Bittar (MDB-AC), vai entregar seu parecer somente no ano que vem, após um vaivém de versões que ora indicavam possibilidade de drible ao teto de gastos ora não. No entanto, o mercado relevou, dado que contra fluxo não há argumentos. “O fluxo se sobrepôs”, disse o gerente da Mesa de Reais da CM Capital Markets, Jefferson Lima.
O operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno afirma que o mercado já precificou que nada de muito importante vai andar em Brasília antes da eleição para o comando das Casas do Congresso, no fim de janeiro. “Não houve mudança de driver, o cenário político não melhorou, mas pelo menos parou de piorar. E o mercado sabe que EUA e Europa vão jogar um caminhão de dinheiro no sistema e o Brasil está entre os melhores emergentes”, disse.
E a sinalização do Banco Central sobre o foward guidance, que, segundo ele, já antecipa as apostas de alta da Selic para o primeiro trimestre, pesa em favor da percepção de entrada de recursos. “Além disso, a reação ao recado do Copom mostra que o mercado está mais confiante no trabalho do BC e que não será necessário dar choque de juros”, explicou.
Por Denise Abarca
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