As ações de empresas menores, as chamadas small caps, oferecem grandes oportunidades de retorno na Bolsa e podem superar o desempenho do Ibovespa no ano que vem, depois da atual rotação de setores liderada por investidores estrangeiros que não deve prosseguir no médio prazo, segundo avaliação de Murilo Breder, analista de ações da Easynvest.
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“Acredito que migrar a carteira integralmente para tentar capturar esta rotação de setores é trocar o longo pelo curto prazo”, disse Breder em entrevista ao Mercado News, a respeito do movimento de migração de setores mais atrelados a atividades digitais – que se beneficiaram do isolamento social – rumo a papéis tidos como mais cíclicos, inclusive as chamadas blue chips na B3.
Em vez de ficar debruçado no cenário macroeconômico, o analista prefere apostar em boas histórias de empresas para o longo prazo. Ele indica 8 na carteira de Small Caps Easynvest para dezembro: Eneva (ENEV3), Kepler Weber (KEPL3), Totvs (TOTS3), Trisul (TRIS3), BrasilAgro (AGRO3), Copel (CPLE6), Sinqia (SQIA3) e Login (LOGN3).
“Minha recomendação é que todo investidor em bolsa de valores deva ter ao menos 1/3 da sua carteira de ações investida em small caps”, afirmou o analista.
A seguir, leia a conversa do Mercado News com Murilo Breder, analista de ações da Easynvest.
De maneira geral, analistas estão otimistas com a Bolsa brasileira para 2021. É o seu caso? Neste contexto, como vislumbra o cenário para small caps no ano que vem?
É o meu caso. Ainda temos muitos ativos descontados ou mesmo empresas que, merecidamente, se valorizaram nos últimos meses já que cortaram custos e melhoraram muito operacionalmente. Nesse contexto, sigo muito otimista com o cenário para as small caps em 2021. Como muitas delas estão fora do radar de grande parte do mercado, acredito que é ali que estão as maiores oportunidades de valorização.
Na sua visão, as ações small caps tendem a superar o desempenho do Ibovespa em 2021?
Diferentemente do que a maioria dos investidores possa imaginar, nos últimos 12 anos, o SMLL (índice de small cap da B3) tem tido retorno médio com volatilidade menor do que o Ibovespa. Se a história continuar se repetindo, a expectativa é que, sim, as small caps superem o desempenho do Ibovespa também em 2021. Conta a favor do maior índice de ações brasileiro a grande chegada de investidores internacionais que costumam se posicionar nas maiores empresas da Bolsa por motivos de liquidez e a rotação dos setores, que vem privilegiando alguns dos maiores setores do Ibovespa, como o setor bancário e o de commodities. Será uma briga interessante.
Uma das premissas das análises para a Bolsa no ano que vem é a valorização de commodities – que tem bastante peso no Ibovespa. Como vê as small caps – geralmente mais ligadas à atividade interna – neste cenário?
Diferentemente das blue chips, muito afetadas pelo cenário macro, acredito a melhor maneira de escolhermos as melhores small caps é olhando de baixo para cima, isto é, analisando cada empresa no detalhe. O cenário macro acaba impactando muito pouco nestas empresas. Sendo assim, a filosofia de investimento em small caps tende a ser mais exaustiva do que a de investimento em blue chips. Enquanto nas maiores empresas da Bolsa você pode comprar uma cesta de ativos e pegar a alta do setor como um todo, nas empresas de menor porte, mais ligadas à atividade interna, é preciso dissecar a tese de investimento específica de cada uma das empresas.
Qual é sua visão sobre os riscos de se investir em ações small caps, considerando também a questão da liquidez?
O risco de liquidez pode ser considerado quase uma lenda. Segundo o estudo da gestora Trígono, a liquidez média diária dos ativos pertencentes ao SMLL é de R$ 61 milhões/dia, volume mais do que suficiente para deixar o investidor despreocupado quanto a isso. Claro que é preciso se atentar à liquidez de alguns ativos específicos. Quando olhamos para a carteira Small Caps Easynvest, a média de negociação dos ativos nos últimos 12 meses é de R$ 49 milhões/dia, sendo que o ativo com menor liquidez tem volume médio de negociação de R$ 3,5 milhões/dia. Dessa forma, o pequeno investidor não deve ter o menor problema quanto a liquidez.
Acredito que a parte mais importante na hora de se investir em small caps é de fato conhecer a empresa em que você está investindo ou ao menos ter uma relação de confiança com o profissional (devidamente certificado com o CNPI) que está recomendando a ação. Como a maioria destas companhias estão fora do radar, é mais difícil encontrar informações precisas e diversos pontos de vista sobre ela.
Nas últimas semanas, investidores em todo o mundo têm lançado mão do tal “rotation” – saindo de ativos ligados a atividades digitais, que se beneficiaram do isolamento, rumo a ativos mais cíclicos. Aqui no Brasil isso foi observado no fluxo para ações de bancos, que se destacaram em novembro. Você vê agora um apelo para investir em small caps, na continuidade de alta da Bolsa além de blue chips?
A rotação de setores não vai continuar no médio e longo prazo, diferentemente de cada história por trás das empresas recomendadas na carteira de Small Caps Easynvest. Acredito que migrar a carteira integralmente para tentar capturar esta rotação de setores é trocar o longo pelo curto prazo.
Temos observado uma grande quantidade de investidores pessoa física iniciando a jornada na B3. Você indicaria uma exposição de até qual percentual do capital em small caps? Qual é a sua visão a respeito?
Minha recomendação é que todo investidor em bolsa de valores deva ter ao menos 1/3 da sua carteira de ações investida em small caps. Além de diversificar a carteira com ativos descorrelacionados com as grandes empresas da Bolsa, acredito que as grandes oportunidades de retorno estão nas empresas de menor porte. O investidor pode ter uma alocação maior do que esta caso já esteja acostumado com a estratégia e tenha um perfil mais arrojado.
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