Na reta final dos negócios desta segunda-feira, 7, o mercado de câmbio teve momentos de forte volatilidade, em meio ao noticiário sobre a PEC Emergencial. O dólar emendou a terceira queda seguida, mas desacelerou rapidamente o ritmo de desvalorização na reta final do mercado à vista. Após cair a R$ 5,05 no início dos negócios, encerrou em R$ 5,12. A razão para o dólar ganhar força ante o real é o risco fiscal e o temor de descumprimento do teto em 2021 após o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, publicar a notícia, apurada com fontes em Brasília, de que na PEC Emergencial, despesas financiadas com receitas desvinculadas ficarão de fora do teto por um ano.
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Com o mercado à vista já fechado, o ministério da Economia afirmou ser contra “qualquer tipo de proposta que trate da flexibilização do teto”, o que ajudou a acalmar o mercado. Além disso, corretoras, como a Guide, contataram Brasília e ouviram que o relatório do senador não prevê exceção nenhuma ao teto de gastos.
O dólar futuro para janeiro, que recuava abaixo de R$ 5,10, chegou a bater em R$ 5,13 com a notícia do Broadcast e voltou a cair para a casa dos R$ 5,10 com a declaração da economia. No final do dia, fechou em queda de 1,05%, a R$ 5,1010.
Em meio ao noticiário fiscal, o real deixou de ser a moeda com melhor desempenho internacional hoje, posto alcançando mais cedo em meio à promessa de avanço de reformas fiscais pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em novo dia com relatos de fluxo externo para o Brasil.
“Hoje foi um dia típico que a gente estava com saudade, Brasília aprontou, depois voltou atrás, fortes emoções”, disse o responsável pela mesa de futuros da Genial Investimentos, Roberto Motta, em live. “Mais uma manobra à la Brasil para tentar escapar do teto de gastos por um ano”, disse ele, falando que houve tentativas de desmentido pelo governo, mas fica o ruído.
Assim como disse Motta, a reação inicial à minuta da PEC Emergencial nas mesas de operação foi de descontentamento geral, com operadores usando termos como “pedalada” e “novo malabarismo” para se referir à medida das despesas fora do teto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que conversou com Jair Bolsonaro e ele afirmou “que não há flexibilização do teto”.
“Não sei se as dúvidas fiscais vão ser dirimidas tão cedo”, disse no final da manhã o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita. “O que aprendemos em 2020 é que viver com o teto pode ser difícil, mas manter o teto também é muito difícil. Requer um grau de articulação”, disse ele live do jornal Valor Econômico. O banco projeta o dólar em R$ 5,25 este ano, influenciada pelo desmonte da proteção em excesso dos bancos no exterior, o overhedge. Mas em um cenário com a questão fiscal corretamente encaminhada, Mesquita avalia que o dólar por caiar para níveis entre R$ 4,50 e R$ 5,00.
No momento atual, Mesquita destaca que “estamos tendo um movimento global do aumento do apetite por risco”. Para ele, isso tem muito a ver com a postura de política monetária atual e esperada dos bancos centrais, que devem seguir expansionistas, com o Federal Reserve sinalizando que os juros não sobem tão cedo e o Banco Central Europeu (BCE), não só está com juros negativos, mas provavelmente deve injetar ainda mais estímulo na economia. O BCE faz sua última reunião de 2020 na quinta-feira.
Por Altamiro Silva Junior
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