A cada dia mais isolado em seu esforço para desafiar a vitória de Joe Biden na eleição presidencial dos Estados Unidos, Donald Trump evocou abertamente a possibilidade de concorrer à reeleição novamente em 2024.
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“Foram quatro anos incríveis. Estamos tentando cumprir mais quatro anos (no cargo). Caso contrário, verei você em quatro anos”, disse Trump na noite de quarta-feira (2) durante uma festa de Natal na Casa Branca.
O evento, que teve a presença de autoridades do Partido Republicano, não foi aberto à imprensa, mas um vídeo do discurso do presidente começou a circular logo em seguida.
Quase um mês após a eleição de 3 de novembro, Trump continua se recusando a admitir a derrota para o democrata.
Isolado na Casa Branca, ele limita ao máximo suas aparições públicas, de tal forma que a única comunicação presidencial são tuítes furiosos sobre supostas fraudes eleitorais, que até agora não foram sustentadas por evidências e até alguns de seus aliados refutam.
“Não vimos nenhuma fraude cuja magnitude fosse capaz de mudar o resultado da eleição”, disse o secretário de Justiça, William Barr, na terça-feira. As palavras desse ultraconservador de 70 anos ganham muita relevância por se tratar de um dos aliados mais fiéis de Trump.
As afirmações de Trump ganharam força entre seus seguidores e o ajudaram a arrecadar até US$ 170 milhões para um Fundo de Defesa Eleitoral que pode ser usado para uma ampla variedade de atividades políticas futuras, incluindo outra candidatura à presidência, de acordo com a imprensa americana.
Nesse estranho clima em que o próximo presidente prepara sua equipe e o atual difunde, cada vez mais sozinho, teorias da conspiração, Washington especula sem parar.De acordo com a rede NBC, Trump discutiu com parentes e amigos a possibilidade de anunciar o lançamento de sua campanha presidencial para 2024 em 20 de janeiro, mesmo dia em que Biden será empossado, evento ao qual o presidente republicano não comparecerá.
Gosto pela contraprogramação
Em 20 de janeiro de 2017, dia em que o magnata republicano assumiu a presidência, ele apresentou um pedido de nova candidatura em 2020. Fiel ao seu gosto pela provocação, este ano também pode aproveitar para usar uma receita de que gosta muito: a contraprogramação.
Em várias ocasiões durante sua gestão, ele boicotou o jantar da Associação de Correspondentes da Casa Branca ao organizar um comício de campanha naquela noite.
O anúncio da candidatura para 2024 permitiria a Trump, naturalmente, atrair os holofotes a curto prazo. Mas o caminho a seguir seria repleto de dificuldades após se tornar “ex-presidente” – a equação mudará radicalmente.
O medo que inspira entre as autoridades republicanas e a atenção da mídia que recebe diminuirá consideravelmente. Todos os olhares se voltarão para seu sucessor democrata e também para os senadores ou governadores republicanos ansiosos para entrar na corrida presidencial.
A participação nas eleições de 2020 foi histórica. Joe Biden obteve mais de 81 milhões de votos, um recorde. E Donald Trump ultrapassou a marca de 74 milhões de votos, também um recorde.
No entanto, a análise porcentual é menos lisonjeira para Trump, que debocha incansavelmente dos “perdedores”: obteve menos de 47% dos votos emitidos.
Apesar disso, ele ainda pode se orgulhar – como sempre faz no Twitter – de ter um forte grupo de apoiadores.
Mas sua possível candidatura para 2024 pode vacilar porque o magnata do mercado imobiliário opera, como ele diz, por instinto. O planejamento estratégico a longo prazo está longe de ser seu ponto forte.
Em teoria, nada impede que tente a sorte em 2024. A Constituição dos Estados Unidos proíbe assumir a Presidência por mais de dois mandatos, mas governar dois sem serem consecutivos é uma possibilidade.
Apenas um homem ganhou essa aposta: Grover Cleveland, no final do século 19. Eleito em 1884, foi derrotado em 1888 e reeleito em 1892. Ele figura nos livros de história como 22º e 24º presidente dos Estados Unidos.
Cleveland tinha 56 anos no início de seu segundo mandato. Donald Trump teria 78 anos, a idade de Biden hoje. (Com agências internacionais)
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