Os juros deram sequência ao movimento dos últimos dias e voltaram a fechar em baixa, pela quarta sessão consecutiva. O noticiário e agenda estiveram mais movimentados pela manhã, mas foi à tarde que os fatores técnicos se impuseram e as taxas renovaram mínimas, atribuídas à aceleração do desmonte de posições tomadas, em boa medida formadas em razão da piora da percepção de risco fiscal nas últimas semanas. O quadro das contas públicas não teve mudanças, mas o mercado parece ter dado novo voto de confiança à equipe econômica, que reagiu às críticas de que o governo estaria parado enquanto o País precisa urgentemente das medidas fiscais. A sinalização dada ontem pelo resultado do leilão do Tesouro foi positiva e ainda repercute sobre a curva, que também tem se beneficiado da demanda de investidores estrangeiros. Os vencimentos de longo prazo foram os que mais caíram na semana, resultando em perda de inclinação.
Tudo que você precisa saber sobre o mercado, todos os dias, em seu e-mail
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 voltou a fechar abaixo de 5% pela primeira vez desde o dia 19 (4,98%), aos 4,93% (regular) e 4,94% (estendida), de 5,016% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2022 terminou a regular e a estendida em 3,27% e 3,28%, de 3,315% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,825% para 6,70% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 7,49% (regular) e 7,50% (estendida), de 7,604% ontem.
“Temos um contexto levemente mais positivo, embora sem novidades significativas”, resumiu o economista-chefe da Infinitu Asset, Jason Vieira, citando como exemplos o câmbio bem comportado e dados econômicos favoráveis esta semana. Hoje, a despeito da abertura vista como ruim, a Pnad Contínua trouxe taxa de desemprego no trimestre até setembro de 14,6%, abaixo da mediana das estimativas (14,8%), na sequência de um saldo positivo do Caged surpreendente ontem, com cerca de 395 mil vagas em outubro. A semana contou ainda com déficit do governo central menor do que o esperado, superávit de conta corrente e arrecadação de receitas acima da mediana das previsões.
Em Brasília, os ruídos políticos diminuíram, com o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, ontem, em entrevista ao Broadcast, tentando desfazer um suposto mal-estar com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O ministro disse que tem “imenso apreço pessoal” e “enorme admiração” pelo presidente do Banco Central e “zero” descontentamento com Campos Neto e, ainda, que ele está fazendo um “belíssimo” trabalho no comando do BC.
Esse contexto, com a ajuda dos investidores estrangeiros que, além de marcarem presença na Bolsa parecem também agora estar buscando a renda fixa, tem se sobreposto aos fatores negativos, como por exemplo a escalada da inflação e a retomada da curva ascendente dos casos de Covid no País. O IGP-M de novembro, que saiu hoje, acelerou a 3,28%, ante mediana de 3,19%, com alta de 24,52% em 12 meses. “Estou impressionado com o janeiro de 2022. Mesmo com o IPCA do jeito que está, os investidores estão ‘batendo’ (aplicando)”, disse um gestor.
Por Denise Abarca
Siga o Mercado News no Twitter e no Facebook e assine nossa newsletter para receber notícias diariamente clicando aqui.
Be First to Comment