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Comércio se prepara para trabalhar com o Pix

(Foto: Divulgação)

A menos de duas semanas do início do funcionamento pleno do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, o comércio se prepara para uma grande mudança no modo de fazer compras à vista. A partir do dia 16, os pagamentos poderão ser feitos pelo celular, substituindo o dinheiro e o cartão de débito, usando, principalmente, um QR Code – o Quick Response Code, ou código de resposta rápida.

Os meios de pagamentos usados hoje não deixarão de existir, mas a aposta é que o Pix ganhe espaço, pela praticidade e pela rapidez na finalização da transação, que deve ser concluída em dez segundos. A novidade deve mudar o dia a dia nos estabelecimentos, com menos circulação de cédulas e maquininhas deixadas de lado.

A certeza, por enquanto, é que os custos operacionais vão diminuir, o fluxo de caixa vai ficar mais ágil e até mesmo novas estratégias de negócio vão surgir, especialmente no varejo e no e-commerce.

Caroline Nogueira é sócia de um restaurante self-service da família, no Itaim Bibi, na zona sul da capital paulista, e planeja ficar apenas com uma das três maquininhas de cartão que tem atualmente. “Primeiro, vamos sentir quanto o Pix vai ser usado pelos clientes. O valor que se gasta no quilo não é nada muito absurdo, então, muitas pessoas já pagam no débito. É uma vantagem grande para nós, porque acaba diminuindo as taxas e melhora o fluxo de caixa”, disse. “E eu vou ter o domínio do valor que recebo.”

E, com mais dinheiro à disposição em menos tempo, ela acredita que a economia vai girar mais rapidamente. “Tenho meus fornecedores também. Com certeza vai haver pressão por parte deles para receber mais rápido.”

Shirlei Castanha, diretora do Supermercado Castanha, em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, acredita que a relação com os fornecedores não vai mudar imediatamente. “Para a gente pagar algo à vista, é muito difícil. A filosofia do comércio era comprar dos fornecedores com (pagamento em) 30 dias e vender em um prazo menor. Hoje não acontece mais assim. Eu pago com 30 dias e recebo dos clientes em 40 dias, está mais ou menos desse jeito”, explicou. As vendas com papel moeda representam 25% do total no supermercado e as no débito, 45%.

Para ela, os clientes não vão mudar de hábito no primeiro momento. “Uma amiga me disse: ‘Dependendo do horário, se eu usar o débito, meu dinheiro sai da conta só amanhã, por que eu usaria o Pix se o meu dinheiro vai sair da conta neste exato momento?’ Acho que as pessoas vão precisar de um estímulo para experimentar.”

O sistema deve entrar em pleno funcionamento no dia 16, mas na terça-feira o Banco Central iniciou uma operação restrita com até 5% dos clientes bancários autorizados a usar o Pix.

Patrick Negri, sócio-fundador da fintech de gestão e automação financeira iugu, enxerga várias oportunidades, a depender do desenvolvimento do Pix no País. “Tem muita gente que consome produtos que o Pix ainda não oferece. Por exemplo, ainda não vai ser possível deixar o Pix no automático”, disse, explicando que serviços de recorrência, como assinaturas, poderiam ser beneficiados. “Para o e-commerce, há uma série de vantagens e tem muita gente correndo por causa da Black Friday”, afirmou Negri.

O Uber disse que vai disponibilizar gradualmente o Pix como forma de pagamento para compra de créditos pré-pago (Uber Cash) e também como forma de pagamento direto na plataforma.

Trocadilho na pizzaria

Com o novo meio de pagamento, David Barbosa espera que os clientes passem a fazer mais pedidos diretamente ao estabelecimento e menos por aplicativos de entrega de comida. Ele abriu uma pizzaria, também batizada de Pix, em João Pessoa (PB), em março com a mulher, Andressa Campanharo.

O nome da pizzaria nada tem a ver com o sistema. Formado em publicidade e vindo do ramo audiovisual, Barbosa explicou que quis fazer um trocadilho com a palavra “pizza”, cuja sonoridade é parecida com “Pix”. Apesar da não intencionalidade, os acessos ao site da pizzaria saltaram de 2 mil para 4 mil em outubro. “No primeiro mês, não chegávamos a dez pedidos por dia. Hoje, temos uma média de 55.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Érika Motoda

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