O início da apuração da eleição americana mostrou que a disputa entre o presidente Donald Trump e o democrata Joe Biden está mais acirrada do que se previa, com o Meio-Oeste novamente decisivo. Dentre os Estados-pêndulo, onde o voto está em disputa neste ano, a Flórida foi o primeiro a ter os números conhecidos. Com 51,2% dos votos no Estado, Trump ganhou fôlego na corrida pela reeleição. Até as 5h, Biden acumulava 49,7% dos votos e 225 delegados. Já Trump tinha 48,6% dos votos e 213 delegados. São necessários 270 delegados para ganhar a Casa Branca.
Entre as corridas competitivas, o republicano garantiu a maioria dos votos em Ohio, um termômetro do Meio-Oeste, no Iowa e no Texas. Os democratas tinham esperanças nos quatro Estados, mas a vitória do republicano estava dentro do previsto. Biden, por sua vez, deve conseguir virar o Arizona, que só havia votado em um presidente democrata uma vez desde 1948. O ex-vice-presidente também ganhou Minnesota, a única tentativa de Trump de expandir o mapa eleitoral que lhe rendeu a Casa Branca em 2016.
O rumo da apuração indica que os Estados do Cinturão da Ferrugem serão novamente o fiel da balança. Em 2016, a virada republicana no Michigan, Pensilvânia e Wisconsin surpreendeu em benefício de Trump.
Desta vez, depender dos Estados do Meio-Oeste significa incerteza sobre quando os resultados serão conhecidos, já que autoridades da Pensilvânia estimam que a apuração local pode levar alguns dias. A demora com o sistema de contagem após a eleição também aumenta a brecha para que Trump questione o resultado na justiça, algo que ele anunciou durante a madrugada que irá fazer.
Ganhar a Flórida, que tem 29 delegados no colégio eleitoral, era condição determinante para o republicano se manter com chances frente a Biden. Desde 1996, o candidato que tem a maioria dos votos no Estado é também o vencedor da eleição presidencial e a vitória ali costuma ganhar por margens apertadas.
Trump mostrou força entre latinos na Flórida, em patamar maior do que em 2016. A conquista do Estado jogou por terra a expectativa inicial dos democratas de ter uma vitória retumbante no início da noite e mostrou que a eleição está apertada. Biden ainda tem mais rotas para conquistar a marca de 270 delegados no colégio eleitoral do que Trump teria se perdesse a Flórida, mas ambos dependem do sucesso no Meio-Oeste.
Na campanha deste ano, Biden e Trump disputaram o voto dos latinos e dos idosos do Estado. Trump teve apoio entre os cubanos e venezuelanos que vivem na região de Miami e Doral, no sul do Estado, onde a retórica antissocialismo do republicano tem força.
Na Flórida, os votos antecipados pelo correio vão sendo contabilizados conforme são recebidos nas seções eleitorais. O Estado também não aceita cédulas pelo correio depois da eleição. Isso fez com que o resultado no Estado fosse conhecido ainda nesta noite de terça. Neste ano, os americanos bateram recordes no voto antecipado, com 101 milhões de cédulas enviadas antes do dia 3 de novembro, sendo 65 milhões pelo correio.
Sem surpresas, Biden venceu nos Estados de Illinois, Virginia, New Jersey, Connecticut, Massachusetts, Vermont, Maryland, Delaware, Rhode Island, New Hampshire, Novo México e Nova York, Minnesota e um distrito do Nebraska. Já Trump levou os Estados de Oklahoma, Mississippi, Alabama, Tennessee, Kentucky, Virginia Ocidental, Carolina do Sul, Wyoming, Dakota do Norte, Nebraska, Arkansas, Louisiana, Texas, Ohio, Flórida e Iowa.
Recorde
A eleição entre Donald Trump e Joe Biden deve ter a maior taxa de comparecimento em mais de um século. Previsões do US Elections Project apontam para a presença de 160 milhões de eleitores, o que significará que 67% da população em idade para votar compareceu às urnas, um interesse histórico.
O clima de incerteza que dominou a manhã, quando o noticiário repercutia a ameaça de Trump de contestar a eleição e as preocupação com um eventual confronto civil, foi se dissipando no decorrer da tarde conforme a votação transcorria sem incidentes significativos.
As campanhas temiam um baixo comparecimento em razão da pandemia, mas os eleitores se mostraram determinados a votar em uma disputa polarizada, onde a fatia de indecisos nas semanas anteriores ficou abaixo de 5%.
Por Beatriz Bulla, correspondente
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