Mais de 60 obras de arte e artefatos antigos dos mais conhecidos museus de Berlim foram manchados com um líquido oleoso por um ou mais criminosos no começo do mês, revelaram as autoridades nesta quarta-feira, 21. Eles têm esperança de que o dano possa ser reparado, mas disseram que o motivo do vandalismo ainda é um mistério.
As obras do complexo da Ilha dos Museus, patrimônio mundial da UNESCO no coração da capital alemã e uma das principais atrações turísticas da cidade, foram danificadas em algum momento entre 22h e 18h do dia 3 de outubro. Os investigadores disseram que assistiram horas de gravações das câmeras de segurança, mas não encontraram nenhum sinal claro de ninguém jogando o líquido.
Ao todo, 63 obras do Museu de Pérgamo, da Alte Nationalgalerie e do Neues Museum foram atingidas, disse Christina Haak, diretora do museus públicos de Berlim. Não havia link temático entre as obras escolhidas e “nenhum padrão identificado” no comportamento do responsável, ela acrescentou.
O líquido era oleoso, mas não corrosivo, disse Friederike Seyfried, diretora da coleção de arte egípcia de Berlim, que fica no Neues Museum. Ela não deu mais detalhes acerca desse líquido incolor, citando as investigações em andamento.
Carsten Pfohl, um oficial de polícia, disse que mais de 3 mil pessoas visitaram a Ilha dos Museus no dia 3 de outubro, o sábado em que a Alemanha comemorou os 30 anos da reunificação. Para complicar ainda mais as investigações, a maioria dos ingressos daquele dia foi comprada no local, com apenas 1.400 tíquetes reservados com antecedência. Essas pessoas que reservaram online foram procuradas e questionadas se haviam visto algo suspeito.
A Polícia de Berlim disse que foi decidido inicialmente não divulgar o ocorrido por “questões relacionadas à investigação”. Na noite de terça, 21, o jornal Die Zeit e a emissora de rádio Deutschlandfunk revelaram a história. Nesta quarta, 21, a polícia pediu que testemunhas informassem qualquer informação sobre pessoas ou situações suspeitas naquele 3 de outubro.
Não ficou claro como o líquido foi jogado nas obras de arte, disse Pfohl. E parece que elas foram escolhidas aleatoriamente. Os investigadores tendem a acreditar que isso tudo foi feito por uma única pessoa, ele completou – mas disse que não descartam a hipótese de haver mais gente envolvida.
Pfohl afirmou ainda que a polícia está investigando em “todas as direções”, mas não faria coro com a especulação da mídia local de que adeptos da teoria da conspiração estariam envolvidos. Não há indicação de que isso seja um “ato que fale por si só”, disse.
“Este é um conjunto de objetos que não têm nenhuma conexão imediata entre si em termos de contexto. Não temos nenhuma carta de autoria ou algo do gênero, então temos que assumir por ora que o motivo é completamente desconhecido.” Pfohl disse ainda que este não é um caso raro porque artefatos têm sido vandalizados com líquidos em museus de outros países ao longo dos últimos anos. Os oficiais não tinham conhecimento de nenhuma ameaça. Os danos foram descobertos pelos funcionários dos museus.
Seyfried disse que não há nenhuma pintura entre as obras danificadas – e elas não estavam entre as atrações mais conhecidas do complexo de museus.
A ministra da Cultura da Alemanha, Monika Gruetters, condenou os ataques. Ela disse em comunicado que “há esperança de que os danos possam ser revertidos”, mas disse que o órgão que administra os museus de Berlim precisa, mais uma vez, responder a questões de segurança e sobre seus procedimentos de prevenção. Em março de 2017, ladrões entraram no Bode Museum, que também integra a Ilha dos Museus, e fugiram uma moeda de ouro pesando 100 quilos, conhecida como Big Maple Leaf. Os suspeitos teriam destruído uma caixa de segurança e então tirado o objeto por uma janela do museu antes de fugirem pelos trilhos do trem com um carrinho de mão. Ela nunca foi encontrada.
Haak disse que os protocolos de segurança dos museus estão sendo sempre revistos e a polícia está estudando como isso pode ser melhorado. “Mas ser 100% seguro para as obras de arte quer dizer deixá-las fora da vista do público.”
Por AP
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