Após duas sessões de queda firme, os juros futuros percorreram a quarta-feira em alta moderada, num movimento de realização de lucros alimentado em boa medida pela espera por uma definição sobre o pacote fiscal norte-americano e pelo leilão de títulos de quinta-feira. Internamente, o noticiário foi até favorável a uma eventual continuidade da suavização dos prêmios, com a melhora da expectativa de votação de pautas do Congresso e confirmação do Tesouro da possibilidade de transferências de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa no começo de 2021 para reforçar o colchão de liquidez.
As taxas terminaram a sessão regular com avanço entre 3 e 5 pontos-base, longe de recompor o que foi perdido nos últimos dias. No começo da tarde, quando bateram mínimas, chegaram a zerar a alta e a oscilar com viés de queda após declarações otimistas da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, sobre o andamento das negociações para o pacote fiscal, mas logo voltaram a subir.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou com taxa de 4,58%, de 4,545% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2022, o mais negociado, com taxa de 3,25%, de 3,244% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 6,37%, de 6,334% na terça, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 7,234% para 7,28%.
“É um ajuste técnico. Tivemos um fechamento forte da curva com as ‘juras de amor’ entre Maia e Guedes dando uma acalmada nas tensões fiscais e a ala ‘fura teto’ perdendo força”, resumiu o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa.
O economista diz, porém, que a margem para uma queda estrutural dos prêmios de risco é pequena neste momento, já que as tensões fiscais estão latentes e controladas por ora pelos discursos das autoridades. “A situação segue instável e é difícil essa curva fechar muito mais. Deve seguir bem empinada”, completou.
Ao Broadcast/Estadão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu urgência na montagem de um cronograma de votações das medidas de corte de gastos para garantir o programa Renda Cidadã e uma solução que dê tranquilidade fiscal para os próximos dois anos. Já o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), propôs que a Casa analisasse ainda nesta quarta a proposta de autonomia do Banco Central, mas demais líderes estão resistindo à ideia em função da falta de acordo.
Em participação no evento Finanças Mais 2020, organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Broadcast e Austin Rating, no período da manhã, o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, confirmou informação antecipada pelo Broadcast da negociação com o BNDES para repasse de recursos ao Tesouro no começo de 2021, mas não confirmou os valores, assim como também uma possível transferência da Caixa. “R$ 100 bilhões foi exatamente o que estava sendo pago em 2019. É razoável? Vamos discutir com o BNDES”, disse.
Funchal também aventou a possibilidade de haver uma transferência de lucros vinda do Banco Central.
Por Denise Abarca
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